Comissão da Verdade analisa inquérito sobre morte de JK

A pedido da Ordem dos Advogados de Minas Gerais (AOB-MG), a Comissão Nacional da Verdade (CNV) irá analisar o inquérito e o processo sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, ocorrida em agosto de 1976. A OAB-MG pede uma nova apuração do caso contestando a versão de que JK teria sido vítima de um acidente automobilístico e aponta diversos “furos” por parte dos responsáveis pelas investigações oficiais, realizadas à época.

Segundo a advogada Rosa Cardoso, integrante da Comissão Nacional da Verdade, a documentação sobre a morte do ex-presidente já foi analisada por um assessor do grupo e pelo ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles, que também integra a comissão, mas ainda não há uma “interpretação conclusiva” a respeito do caso. “Já fizemos uma primeira leitura, mas é uma questão tão séria que vai ter que ser submetida a um conjunto de comissários, não apenas a um”, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo.

Araguaia
A Comissão da Verdade realizou, ao longo da última semana (15 a 20/10) uma expedição à Região do Araguaia. Integrante da CNV, a psicanalista Maria Rita Kehl ouviu depoimentos de camponeses e de índios Suruí que tiveram direitos humanos violados na ditadura durante o combate à guerrilha, na década de 70. Ela esteve nos municípios de Marabá, São Geraldo do Araguaia e São Domingos do Araguaia, na Terra Indígena Sororó, no Pará, e no município de Xambioá, em Tocantins.

Kehl coordena o Grupo de Trabalho que apura a violação de direitos humanos contra camponeses e populações indígenas. “Foi muito proveitosa esta primeira visita da CNV ao Araguaia. Conhecer a região, ouvir camponeses e lideranças indígenas da etnia Suruí, acompanhar as buscas nos cemitérios locais e na Serra das Andorinhas, toda esta intensa atividade contribuiu para me aproximar desse tema pouco conhecido da sociedade brasileira. Com a ajuda de familiares, do Comitê Paraense de Memória Verdade e Justiça, da assessoria da CNV, tive a oportunidade de conhecer não apenas os abusos sofridos pelos indígenas e camponeses no período da repressão à guerrilha, mas também as condições em que vivem hoje, em função das perdas materiais que lhes foram impostas pela aliança entre militares e latifundiários”, afirmou.

A coordenadora reuniu-se com lideranças comunitárias e de trabalhadores e ouviu 13 camponeses vítimas de violações de direitos humanos. Durante as campanhas de combate e destruição da guerrilha pelas Forças Armadas, camponeses “suspeitos” de apoiar o movimento do PCdoB, que se instalou na região, também foram presos e torturados. Em 2009, a Comissão de Anistia determinou indenizações a 44 camponeses paraenses (ou seus parentes) por terem sido torturados, mortos ou perdido as propriedades durante a ação dos militares contra a guerrilha.  

A CNV também esteve na Terra Indígena Sororó, da etnia Suruí. Em diversos livros sobre a guerrilha, o papel da etnia é citado das mais diferentes maneiras. A versão mais corrente é a de que a comunidade teria sido forçada pelo Exército a cooperar no combate à guerrilha. Representantes da comunidade decidiram criar uma comissão da verdade Suruí.

A Comissão Nacional acompanhou também os trabalhos da mais recente missão do Grupo de Trabalho Araguaia, criado em 2009 para dar cumprimento à decisão da Justiça Federal de Brasília que determina a localização e identificação dos corpos dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia.  O GTA é composto por servidores dos ministérios da Defesa, Justiça e Direitos Humanos e possui especialistas em antropologia forense, geologia, antropologia, cartografia e logística, além de observadores do PCdoB, do governo do Pará e de familiares de mortos e desaparecidos.
 
Com informações de O Estado de S. Paulo e da Comissão Nacional da Verdade

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