A inflação vem corroendo o salário do trabalhador e da trabalhadora e arrebentando com as compras no supermercado. Tivemos agora a maior para o mês de janeiro, desde o ano de 2016. O acumulado em 12 meses foi de 10,38%.
Tudo sobe em nosso país, os preços disparam: arroz, feijão, carne, frango, óleo, pão, verduras, frutas. É menos comida no prato. Se não bastasse, há aumento da energia, do gás de cozinha, dos combustíveis, dos transportes, entre outros.
O conhecido “prato feito” está com o preço salgadíssimo; não baixa de R$ 20,00. Muitos até com menos variedades, como batata ou tomate. O “PF” está se tornando de difícil acesso para o trabalhador e para a trabalhadora.
A perda do poder de compra do salário mínimo é outro gravíssimo problema. O reajuste desse ano, mais uma vez, não teve aumento real e nem a reposição integral da inflação. A classe média também vem sofrendo com a atual crise, ela atinge a todos.
O DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta que o salário mínimo ideal deveria ser de R$ 5.997,14 para suprir as necessidades básicas de uma família com dois adultos e duas crianças.Esse valor é muitíssimo superior ao valor atual do salário mínimo, que é R$ 1.212,00. Aliás, uma cesta básica de alimentos consome entre 50% e 70% do salário mínimo, dependendo do estado.
Chico Anysio tinha um bordão que até hoje a gente não esquece. Ele juntava bem pertinho o dedo polegar e o indicador, sem que eles se tocassem e dizia: “enquanto isso, o salário mínimo, ó”.
Inaceitável que o atual governo tenha acabado com a Política Nacional de Valorização do Salário Mínimo (Inflação + PIB), prejudicando, direta e indiretamente, mais 100 milhões de pessoas. Um retrocesso que está custando o bem-estar de presentes e futuras gerações.
O salário mínimo é um poderoso instrumento de distribuição de renda, mesmo se considerarmos o trabalho informal. Funciona como referencial para valores pagos ao trabalhador e à trabalhadora. Todos ganham.
Por óbvio, a valorização do salário mínimo coloca mais dinheiro no bolso da nossa gente, mais comida no prato, aumenta o consumo e a produção, cria um círculo virtuoso. Foi um erro retumbante acabar com essa política.
Vale destacar que nos governos Lula e Dilma o salário mínimo obteve os mais altos ganhos. Saímos de uma variação de décadas, entre 50 e 80 dólares, e ultrapassamos a marca de 100 dólares, alcançando cerca de 350 dólares. Fato inédito.
Valorizar o salário mínimo é gerar emprego e renda, é propiciar uma melhora na situação dos comércios locais – mercados, padarias, bodegas, feiras, lojas; prefeituras. É melhorar a qualidade de vida das pessoas, é estender a mão aos que mais precisam.
Temos pela frente um enorme desafio: sair desse caos que está aí. Cerca de 60 milhões de brasileiros vivem na pobreza e na miséria. Há quase 15 milhões de desempregados; 40 milhões na informalidade, sem direitos sociais ou trabalhistas.
É preciso também regulamentar a Renda Básica Universal de Cidadania e criar o 14º salário emergencial para aposentados e pensionistas; garantir a quebra de patentes de vacinas e medicamentos para combater a covid-19 e suas variantes. A vida deve estar sempre em primeiro lugar.
Artigo originalmente publicado no jornal O Dia