Índio não quer cesta básica. Índio quer autonomia e autodeterminação. Quer decidir como viver e como gerir sua sobrevivência. Quer plantar, colher, cuidar da terra, ter fonte de renda e respeito. Assim o líder da comunidade indígena Lima Campo, Maradiles de Souza, resumiu o desejo de seu povo de construir a própria história, sem dependência de programas assistenciais e com a garantia de que seus hábitos, costumes e cultura serão preservados.
A promoção da autonomia dos Povos Indígenas foi tema de debate da Comissão de Direitos Humanos nesta quinta-feira (12). Para a presidenta da Comissão, senadora Regina Sousa (PT-PI), o assistencialismo materializado em cestas básicas é uma realidade que, infelizmente, está de volta ao Brasil. “É uma política humilhante que precisa ser combatida. Os índios querem e podem cultivar seus alimentos”, disse.
Regina e os outros especialistas convidados para o debate defenderam com veemência uma visão alternativa para a questão indígena. Em vez de assistencialismo, soluções, como a apresentada pelo engenheiro e produtor rural Omar Taleb. Ele forneceu mudas de erva-mate e incentiva a produção na comunidade indígena de Lima Campo – a mesma onde vive Maradiles de Souza.
“Além da geração de renda e da autonomia, a produção da erva-mate serve como indutor do resgate da cultura dos índios do Mato Grosso do Sul. Agora, estamos realizando parceria com a Embrapa para pesquisa de novas espécies que possam ser cultivadas no mesmo espaço, pois o primeiro corte da erva só acontece depois de cinco anos do plantio” explicou. A Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Defensoria Pública do Estado apoiam a iniciativa.
O antropólogo e professor Antonio Hilario Urquiza reforçou que o cultivo de erva-mate é uma tradição dos povos guaranis. Ele assegurou que o projeto de Taleb incentiva a produção agrícola e promove a autonomia indígena.
É importante identificar as características positivas desse projeto. O projeto respeita o ritmo da comunidade na execução. Além disso, houve uma conversa antecipada com a comunidade e uma consulta a agentes da Funai e especialistas no assunto antes da implantação do projeto – elogiou.