A concessão de crédito para a compra de bens por pessoas físicas saltou 18% no acumulado em 12 meses até fevereiro. O índice representa a maior alta dos últimos cinco anos. Por outro lado, a taxa média de juros ao consumidor final deve minguar ao patamar de 46,4% ao ano em dezembro, o menor desde 2019. Os dados constam em relatório produzido pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), a pedido do jornal O Globo e divulgado nesta quinta-feira (4/4).
Nos governos anteriores, o presidente Lula apostou na expansão do consumo para estimular o desenvolvimento econômico. A receita se mostra como um dos motores para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) desse ano. Especialistas ouvidos pelo jornal projetam maior tração para a concessão de crédito a pessoas físicas a partir de julho de 2024.
“A gente espera resultados melhores no segundo semestre. A concessão de crédito com recursos livres para pessoas físicas deve crescer 5,7% em dezembro. Em termos comparativos, no acumulado de 12 meses até junho, a alta deve ser de 5,3%. Então tem uma aceleração”, explica Isabela Tavares, economista da Tendências Consultoria.
Na quarta-feira (3), o Banco Central (BC) já havia relatado que o estoque total de crédito no sistema financeiro cresceu 8% em fevereiro, frente a igual mês de 2023. “Parece que o consumidor está, de fato, retomando essa demanda por crédito”, confirma Fábio Bentes, economista sênior da CNC.
As estimativas da CNC revelam também que o consumidor brasileiro está diante de um cenário mais propício para contrair novas dívidas. Segundo o relatório, o comprometimento das rendas das famílias rompeu a barreira dos 30% em dezembro de 2023, pela primeira vez desde outubro de 2021. “Isso significa que a prestação está ocupando menos espaço no bolso do consumidor”, conclui Bentes.
Desenrola Brasil
O programa Desenrola Brasil já beneficiou cerca de 14 milhões de brasileiros. Mais de R$ 50 milhões em dívidas foram renegociados desde o início do novo governo, de acordo com o Ministério da Fazenda. Na avaliação da economista da Tendências, a inflação em queda, a geração de emprego e renda em alta, além das medidas tomadas pelo governo federal para reduzir a inadimplência, constituem fatores que favorecem a expansão do crédito em 2024.
“Tudo isso facilita as condições financeiras, a oferta de crédito e a menor seletividade dos bancos. A melhora das condições financeiras vai mesmo ajudar a atividade econômica ao longo de 2024”, assegura Isabela.