Marcha da insensatez

Condenação política de Lula é nova etapa do golpe

Senadores reagem á decisão de Moro: "o PT não vai aceitar calado"
Condenação política de Lula é nova etapa do golpe

Foto: Ricardo Stuckert

O golpe contra os direitos da maioria dos brasileiros entra em nova etapa: nesta quarta-feira (12), menos de 24 horas depois da aprovação da reforma trabalhista, o juiz Sergio Moro condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e meio de prisão por “corrupção” e “lavagem de dinheiro” no caso do apartamento tríplex do Guarujá(SP).

“Essa é uma decisão escandalosa em um processo sem provas”, rebateu o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), para quem apenas uma forte reação popular pode deter a marcha da direita, que quer levar o Brasil de volta ao tempo das senzalas e canaviais.

Roteiro claro
O roteiro, aponta Lindbergh, é muito claro. Em um cenário de crise econômica global, a solução que as classes dominantes enxergaram para o Brasil foi a supressão de conquistas e direitos da maioria do povo, como forma de ampliar sua margem de lucro.

Para isso, foi preciso afastar uma presidenta legítima, no golpe contra Dilma, aprovar a toque de caixa reformas draconianas e, por fim, interditar a candidatura presidencial do único líder capaz de levar o Brasil de volta a um processo de desenvolvimento com inclusão social. Para o líder petista, essa condenação de Lula faz parte da tentativa de transformar a eleição de 2018 em uma grande fraude: “Uma disputa presidencial sem Lula é apenas isso: uma fraude”.

Dirigindo-se diretamente a Lula da tribuna do Senado, Lindbergh manifestou sua solidariedade ao ex-presidente: “Estão lhe atacando pelo que você representa de bom para esse País. Quando o senhor voltar à Presidência, ninguém vai poder passar por cima dos direitos dos trabalhadores”. Lula não está sozinho, garantiu o senador: “Nós, lutadores da democracia, vamos nos levantar”.

Vai ter resposta
“Se acham que vamos ficar mansos diante disso tudo, estão muito enganados”, confirma a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann. O senador Jorge Viana (PT-AC), foi ainda mais enfático: “Quem semeia vento colhe tempestade”, afirmou, lamentando que os setores conservadores continuem apostando na “marcha da insensatez”, estimulando o acirramento dos ânimos e a radicalização.

Para Gleisi, a direita brasileira não tem projeto, nem candidato nem coragem para enfrentar Lula em uma disputa presidencial. “Querem tirar Lula da vida política do País? Então tenham a decência de enfrentá-lo e vencê-lo nas urnas”.

Uma decisão estritamente política
“A decisão de Moro já estava tomada há muito tempo”, acredita Humberto Costa (PT-PE), líder da Oposição no Senado. “Ele se fundamentou nas suas convicções – e não convicções jurídicas: convicções políticas. Essa é uma condenação política. Moro precisava dar uma satisfação à sociedade, porque construiu um monstro”.

O juiz atribuiu ao presidente Lula a chefia de uma organização criminosa e não conseguiu, em nenhum momento, uma única prova que pudesse confirmar essa tese. No caso do apartamento, por exemplo: o imóvel está em nome da OAS e hipotecado à Caixa Econômica Federal. Moro, porém, precisava sustentar a bravata. Daí a condenação.

“Esse juiz tornou-se, no Brasil, um paladino – para quem acredita – da justiça. E agora joga no chão inteiramente essa reputação que ele criou. Por quê? Porque não tem a humildade de dizer: ‘Eu errei, eu construí algo que não tem sustentação na realidade fática”.

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