Soberania nacional

Congelamento de “gastos” compromete indústria de defesa

"Nas simulações realizadas, os investimentos deverão sofrer contrações brutais", adverte estudo da Assessoria da Bancada do PT no Senado Federal

Prosub

Congelamento de “gastos” compromete indústria de defesa

Foto: Divulgação

O congelamento dos gastos públicos por vinte anos, aprovado pelo atual governo, colocou em perigo os projetos estratégicos para a defesa do Brasil e o desenvolvimento nacional. “Nas simulações realizadas, os investimentos deverão sofrer contrações brutais”, adverte estudo da Assessoria da Bancada do PT no Senado Federal. Além disso, a ação danosa e indiscriminada da Operação Lava Jato também vem causando prejuízos consideráveis à Base Industrial da Defesa Nacional.

Assim denominada nos governos petistas, a Base Industrial da Defesa, aliada ao reaparelhamento das Forças Armadas, apostava em construir um pilar estratégico da defesa do Brasil. O Plano de Articulação e Equipamento de Defesa (Paed) incluía, entre outros, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha do Brasil (Prosub). Alvo inicial da Lava Jato, o mentor do programa nuclear brasileiro, Almirante Othon, foi um dos primeiros presos da operação, condenada a 43 anos de reclusão.

O mesmo programa ainda articulava o Projeto HX?BR (programa de helicópteros), o Projeto FX-2 (caças), o Subprojeto de Obtenção de Meios de Superfície (Prosuper – embarcações de superfície), o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz) (monitoramento da costa). A previsão de investimentos apontava para centenas de bilhões de reais nas próximas décadas, de acordo com o estudo da assessoria petista. “A implementação desse plano seria fundamental para a posição que o Brasil almeja conquistar no cenário econômico e político”, diz o estudo.

[blockquote align=”none” author=””]Alvo inicial da Lava Jato, o mentor do programa nuclear brasileiro, Almirante Othon, foi um dos primeiros presos da operação, condenada a 43 anos de reclusão[/blockquote]

Divulgado na última segunda-feira (24), durante seminário realizado em Brasília, com presença do presidente Lula,  o documento “Medidas emergenciais para recuperação da economia, do emprego e da renda”, de autoria das bancadas do PT no Senado e na Câmara,  defende medidas de apoio aos setores de alta tecnologia e defesa. De acordo com os parlamentares petistas, “o Brasil possui setores de ponta tecnológica na cadeia de petróleo e gás, eletroeletrônica, biotecnologia, energias renováveis, saúde e sistemas de defesa”. Para as bancadas do PT, “essas são as indústrias nacionais de maior valor agregado e que precisam ser estimuladas, principalmente, por compras públicas e recuperação da obrigatoriedade de conteúdo nacional”.

“Em boa parte dos países desenvolvidos, a indústria vinculada à defesa nacional, inclusive a aeroespacial, é a grande propulsora do desenvolvimento científico e tecnológico nacional”, alerta o estudo da assessoria do PT no Senado Federal. Além disso, segundo o estudo, “a indústria de defesa tem, em muitos países, uma expressão econômica substancial”, gerando empregos e renda. Na Rússia, por exemplo, ela emprega cerca de 20% dos trabalhadores da indústria, enquanto nos EUA, a indústria de defesa emprega ao redor de 3 milhões de trabalhadores, inclusive com muitos postos de trabalho de alta sofisticação.

“Temos de apoiar os setores de alta tecnologia. Temos setores de ponta na tecnologia brasileira. E como fazemos isso?”, questiona a líder da Bancada do PT no Senado Federal, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Para ela, a reposta é “direcionando as compras públicas para quem desenvolve esses setores dentro do mercado brasileiro. Temos de voltar a ter obrigatoriedade de conteúdo nacional. É um absurdo o que estão fazendo!”. “Estão desmontando o conteúdo nacional”, denuncia ela.

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