O Congresso Nacional deu um passo decisivo para parar a economia do Brasil. Nesta quarta-feira (23), a comissão mista que analisou a Medida Provisória 777 aprovou a proposta, que institui uma taxa de juros mais cara para o crédito destinado a investimento. “Isso vai travar o País. Espero que os senhores saibam o que estão fazendo”, alertou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que presidiu a comissão e foi uma das principais vozes contra a insensata iniciativa do governo Temer.
A MP 777, que segue agora para análise do plenário da Câmara dos Deputados, cria a Taxa de Longo Prazo (TLP), que irá remunerar os empréstimos do BNDES nas linhas de crédito destinadas ao investimento. A TLP substitui a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), mais barata e que torna o crédito mais atraente.
A iniciativa do Executivo conseguiu descontentar a todas as entidades representantes dos setores da indústria, além de unir a bancada de oposição na comissão mista com aliados do governo, como o senador José Serra (PSDB-SP), autor de um voto em separado pela rejeição da matéria. Para Serra, um governista, a medida é extremamente perversa com a economia brasileira. Ao desestimular o investimento, ela ajuda a ampliar o desemprego e a crise econômica.
“É uma loucura o que se está fazendo”, lamentou Lindbergh Farias, para quem o momento não poderia ser mais inconveniente para se encarecer o crédito destinado às atividades que têm condições de movimentar a economia. “O cenário é de depressão econômica”, frisou. O Brasil já teve um decréscimo no Produto Interno Bruto (PIB) de 8 pontos percentuais. “O investimento já caiu de 21,5% do PIB para 15,6% em três anos. O investimento público caiu 50% em relação a 2016. Com a economia em recessão não se corta investimento”.
A diversidade de setores que se insurgiram contra a MP 777 foi destacada pelo senador Paulo Rocha (PT-PA). “Está claro aqui que não se trata de uma questão de oposição x governo. A questão central é a busca de uma saída para a crise”. Ele ponderou que Michel Temer não tem força nem representatividade política para propor soluções imediatas, muito menos para fazer mudanças estruturais no País. “O governo está caindo de podre. E, quando os governos são fracos, se exige do parlamento uma atuação ainda mais responsável e mais forte”, conclamou o senador, pedindo a rejeição da matéria.
Depois de analisada na Câmara, a MP 777 será votada no Senado.
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