Reportagem da revista IstoÉ Dinheiro mostra importância do aquecimento do setor e seus reflexos para a economia
A construção civil brasileira vive um verdadeiro boom desde o final de 2012. Contrariando as expectativas dos pessimistas de plantão que apostavam em atividade econômica frágil e em baixos índices do Produto Interno Bruto- que gostam de chamar de “pibinho”, as construtoras apostaram no ascendente mercado da nova classe média.
Uma reportagem da revista IstoÉ Dinheiro publicada neste final de semana mostra que as construtoras que decidiram apostar, não têm queixas, Em uma semana, todas as unidades de um único empreendimento, na cidade operária de São Bernardo do Campo se esgotaram. Foi o estímulo que faltava para uma avalanche de novos investimentos.
Antes deles, o governo Dilma Rousseff anunciava uma leva de concessões de infraestrutura que vai servir como combustível para o crescimento do PIB em 2014. Segundo a matéria, a LCA Consultores calcula que o setor de construção deve crescer 3,2% no ano, ante 2,2% em 2012, projeta e movimentar nada menos que R$ 255 bilhões. Com isso, vai ajudar a levantar o PIB.Os números da LCA, se confirmados, indicam que está dando certo a estratégia do governo de mudar o perfil do crescimento da economia brasileira.
Projetos de longo prazo
Os investimentos de longo prazo, como obras de infraestrutura, habitação e mobilidade urbana, geram desenvolvimento e estão sustentando o PIB e tomando o lugar do consumo como âncora do crescimento.
Em 2012, por exemplo, enquanto o consumo das famílias cresceu 3,1%, o investimento caiu 4,0%. Em 2013, nas contas da LCA, o governo virou esse jogo, com alta de 5,8% nos investimentos e de apenas 2,5% no consumo. Tudo indica que, ao tirar o foco do comércio movido a crédito e a estímulos tributários e entrar na era dos canteiros de obras, o Brasil aumentou suas chances de crescer de forma mais saudável nos próximos anos. “Os investimentos em infraestrutura são o caminho para o País crescer mais forte”, diz José Carlos Martins, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), ouvido pela reportagem da IstoÉ Dinheiro.
Apenas na região metropolitana de São Paulo, a Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp) contabilizou 576 empreendimentos até novembro, o melhor desempenho dos últimos cinco anos.
Os empresários apostam também nos grandes eventos esportivos para crescer. “Com Copa do Mundo e Olimpíada, há uma maior motivação com o País e maior interesse do investidor estrangeiro”, diz Marcelo Bigucci, diretor de marketing da empresa MBigucci, que tem receita anual de R$ 220 milhões. De uma forma geral, as construtoras que trabalham em áreas metropolitanas sabem que a questão da mobilidade tem sido importante para os potenciais clientes, o que tem justificado a venda rápida de imóveis de uso misto.
“As vendas e os lançamentos tiveram uma aceleração e isso vai se refletir no desempenho do segmento”, diz Carolina Sato, economista da LCA. Além disso, tradicionalmente, anos eleitorais são mais aquecidos, uma vez que há um prazo máximo para a contratação das obras públicas. Por fim, as concessões realizadas no ano passado devem começar a sair do papel, ajudando a acelerar o setor. As obras de infraestrutura, segundo a economista, são responsáveis por cerca de 43% do PIB do setor – as edificações, por 36%; e os serviços especializados, por 21%.
Outros investimentos menores devem impulsionar o setor neste ano. Além deles, há:
– Puxadinhos: A chamada “construção formiguinha”, que inclui reformas e “puxadinhos” País afora, tem um papel fundamental nas vendas de materiais de construção e de acabamento. Segundo a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), o setor crescerá 7,5% em 2014, quebrando o recorde de R$ 57,42 bilhões do ano passado. Essa alta também é justificada pelas vendas de imóveis novos.
– Reformas: Há ainda muitas facilidades financeiras dadas às pessoas físicas que querem investir na casa própria, o que movimenta o mercado. A Caixa, maior agente de financiamento imobiliário do País, tem o cartão Construcard, em que é possível fazer o pagamento do material de construção em até 96 meses. Essa linha terminou 2013 com uma carteira de R$ 8,8 bilhões, alta de 22,5% no ano. Outra possibilidade é acessar uma linha de crédito com recursos do FGTS e pagar em até dez anos. Como se vê, o País terá em 2014 e nos próximos anos canteiros de obras de todos os tipos e tamanhos. Um empurrão e tanto para o PIB alcançar uma trajetória sustentada de crescimento.
– Minha Casa Minha Vida: O Minha Casa Minha Vida foi lançado em 2009 com o objetivo de estimular o setor da construção em um momento em que havia o risco de maior desaceleração por conta da crise global. De lá para cá, 3,1 milhões de unidades já foram contratadas e 1,4 milhão, entregues. Em uma possível terceira fase do programa – a atual vai até dezembro –, algumas regras devem ser alteradas. Uma delas é a elevação do limite máximo do valor do imóvel, atualmente em R$ 190 mil. Já a faixa máxima de renda familiar, hoje limitada a R$ 5 mil, também pode ser elevada”A construção pesada no País vai muito bem”.
Fonte: IstoÉ Dinheiro