Ataque à democracia

Contarato vê Bolsonaro “no centro” do 8/1 e defende convocação pela CPMI

Líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES) afirma ao Jornal PT Brasil que é "mais que evidente" a participação direta do ex-presidente na tentativa de golpe

Reprodução

Contarato vê Bolsonaro “no centro” do 8/1 e defende convocação pela CPMI

Fabiano Contarato concede entrevista ao Jornal PT Brasil

Em entrevista ao Jornal PT Brasil, o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), afirmou nesta sexta-feira (18/8) que considera “mais do que evidenciada” a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro na tentativa de golpe de 8 de janeiro e defendeu que ele seja ouvido pela CPMI do Golpe. Para ele, o ex-presidente “está no centro do centro do que aconteceu no país, que foi um atentado aos Três Poderes”.

“A situação do ex-presidente não está nada boa”, resumiu Contarato. “Não tem como concluir essa CPMI sem ouvir o ex-presidente, que para mim é peça fundamental. É natural, razoável e legítimo que seja ouvido. O momento certo [para que isso aconteça] é que tem que ser definido pelo colegiado”, disse. Ele adverte que, em geral, o depoimento de possíveis indiciados, como é o caso de Bolsonaro, acontece ao fim da investigação, após ouvidas testemunhas e analisadas as provas objetivas, como trocas de mensagens, documentos, quebras de sigilos bancários e telemáticos, entre outras.

Assista à integra da entrevista de Contarato ao Jornal PT Brasil

Para Contarato, que foi delegado de polícia por 27 anos, a digital do ex-presidente na tentativa de golpe se evidencia não apenas no seu comportamento em relação às novas denúncias trazidas à tona pelo hacker Walter Delgatti Neto, em depoimento-bomba à CPMI do Golpe, mas também pelos ataques em série à democracia fitos pelo ex-presidente.

“O que aconteceu no dia 8 de janeiro foi mero exaurimento do que ele [Bolsonaro] já vinha fazendo há quatro anos, quando ele atacava a democracia e estimulava ataques ao Estado Democrático de Direito criminalizando ONGs, atacando a OAB e a imprensa, reduzindo a participação da sociedade civil, negando a ditadura, ovacionando torturador… Ele ficou quatro anos estimulando comportamento do (tipo) que aconteceu no dia 8”, relembrou.

“Na fotografia você tem quem botou a mão na massa, mas tem alguém que atuou de forma a instigar, induzir e auxiliar esse tipo de comportamento”, apontou.

Agora, acredita o senador, o depoimento de Delgatti expôs a participação direta do ex-presidente em atividades que visavam enfraquecer o sistema de urna eletrônica para impedir a prevalência da vontade popular.

“Ontem [17/8] foi um depoimento marcante: uma deputada [Carla Zambelli] se encontra com um hacker, pega um telefone novo, com chip novo, liga para o presidente da República, que pede isso a ele [fraudar a urna eletrônica], fala-se em grampo do ministro do Supremo [Alexandre de Moraes]; não satisfeito com o telefonema, se encontra com Delgatti, fica por duas horas no Palácio do Alvorada, pede ao hacker que vá ao Ministério da Justiça, onde tem cinco encontros. Esse comportamento, para mim, deixa mais do que evidenciada a participação direta do ex-presidente”, relatou Contarato.

O senador mencionou ainda a possível confissão do ex-ajudante-de-ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, de participação no escândalo de venda — e posterior recompra — de relógios milionários recebidos pelo governo brasileiro de presente de outros países, com pagamento em dólares a Bolsonaro, em espécie e em mãos. O caso envolve também o general Laurena Cid, pai do faz-tudo Mauro, e o advogado Frederick Wassef, pego na mentira ao recomprar um dos relógios nos Estados Unidos para devolver à União, por determinação do TCU (Tribunal de Contas da União).

“Espero que a justiça seja feita no tempo necessário, buscando todas essas provas de natureza objetiva e subjetiva, para individualizar a conduta e, ao final, indiciar criminalmente o ex-presidente e toda e qualquer pessoa que tenha concorrido para este fato”, afirmou Contarato.

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