As manifestações de repúdio ao assassinato de Marielle Franco, que levaram multidões às ruas e incendiaram as redes sociais, demonstraram que a sociedade brasileira está se movendo contra acultura de ódio e violência que vem sendo inoculada no país nos últimos anos.
Pode-se dizer o mesmo a respeito da grande manifestação dos professores de São Paulo e da solidariedade que receberam, após a brutal agressão de que foram vítimas por parte de agentes do estado, comandadas por governantes insensíveis. Nos dois casos, a grande maioria se posicionou ao lado das vítimas.
A cultura do ódio já vinha transitando pelo submundo da política desde as eleições presidenciais de 2010, quando foi utilizada pelos adversários de Dilma Rousseff, para estigmatizá-la e ao PT, nas redes sociais e em determinadas igrejas (tanto católicas quanto evangélicas).
Mas foi a partir de 2013 e depois, na campanha pelo impeachment orquestrada pela Rede Globo, que se liberou uma inédita onda de violência verbal e até física, como se viu nos ataques a sedes do PT, do Instituto Lula e doMST; nos constrangimentos a nossas lideranças em locais públicos.
A onda autoritária extrapolou o território da política partidária para alcançar a arte, a cultura, a inteligência. Passamos a conviver novamente com a censura, por um moralismo tacanho, e a perseguição às universidades por setores da polícia e do sistema judicial, num retrocesso aos tempos da inquisição.
Os setores que estimularam o ódio ao longo desse período são os mesmos que praticam a repressão aosmovimentos sociais, defendem o armamentismo, praticam a homofobia e criminalizam a população pobre, negra e favelada.
É uma tremenda hipocrisia que membros do governo golpista e a Rede Globo tentem capitalizar a imensa indignação provocada pelo assassinato de Marielle. Foi contra o ódio e da discriminação disseminados por eles que Marielle lutou. E é contra tudo isso que a sociedade está se manifestando.