Gilson Abreu/AEN

Ipea aposta em um crescimento da atividade mais robusto do que as projeções do sistema financeiro
Enquanto analistas do mercado financeiro consultados para a confecção do semanal Boletim Focus projetam crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) abaixo de 2% neste ano, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima expansão de 2,4%. Divulgado na sexta-feira (28/3), o relatório Visão Geral da Conjuntura atribui a desaceleração da economia do país em 2025, na comparação com os dois primeiros anos do governo Lula, à alta dos juros determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
“Fatores como o ciclo de aperto monetário iniciado pelo Banco Central em setembro de 2024, aliado a um impulso fiscal mais contido e ao aumento da percepção de risco fiscal, sugerem um crescimento econômico menos vigoroso ao longo de 2025 do que em 2024”, descreve o documento.
A despeito do constante pessimismo alardeado pelos especuladores da Faria Lima, o Ipea avalia, no entanto, que o setor de serviços deve se manter como um dos principais motores da economia, com índices de 1,9% em 2025 e em 2026. O mesmo ocorre com a atividade industrial: a expectativa é de que ela cresça acima de 2% neste ano.
Em relação à agropecuária, segundo dados da lavoura fornecidos pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), o Ipea confirma crescimento de 7% em 2025, altas de 9,1%, na margem, e de 10,5%, em termos anuais, no primeiro trimestre.
Setores da economia
Veja abaixo os setores considerados pelo Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea:
– Agropecuária: +7%
– Indústria: +2,1%
– Serviços: +1,9%
– Consumo das famílias: +2,3%
– Formação bruta de capital fixo: +3,5%
– Exportações de bens e serviços: +3,2%
– Importações de bens e serviços: +5%
Os danos da política do BC
O Ipea prevê ainda que o ciclo de alta dos juros deve se encerrar apenas em meados de 2025, com a taxa básica de juros da economia no patamar dos 15%, uma das mais onerosas do mundo. De setembro de 2024 até o momento, o Copom elevou a Selic de 10,50% a 14,25% ao ano.
Na segunda (31), o mercado financeiro reduziu sua previsão do PIB deste ano de 1,98% para 1,97%. Em 2024, os mesmos especuladores que aguardavam crescimento de 1,5% erraram o índice em quase dois pontos percentuais, já que a economia avançou 3,4% no período.