Senador do PT participou da conferência sobre clima da ONU, realizada no Catar. Ele alerta para a necessidade das nações mudarem radicalmente seus padrões de consumo e produção
A 18ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 18, realizada em Doha, no Catar, foi uma decepção. A avaliação é do senador Jorge Viana (PT-AC), que integrou a comitiva brasileira pela Comissão de Meio Ambiente do Senado, ao lado do colega Aníbal Diniz (PT-AC). “O resultado não é o desastre que se anunciava, mas tranquilamente se pode dizer que os avanços foram decepcionantes”, lamentou o parlamentar.
“Somos 7 bilhões de habitantes no planeta e temos apenas uma chance de salvá-lo. Em 2050, seremos 9 bilhões. E se seguirmos nesse padrão de produção e consumo, certamente, o planeta não vai suportar essa intervenção humana e vai entrar em um processo de desequilíbrio”, Jorge Viana. Ele comentou que há um consenso de que as atividades econômicas implantadas no mundo hoje estão gerando gases de efeito estufa que colocam em risco o equilíbrio da temperatura no mundo.
De acordo com o senador, o agravamento das mudanças climáticas nos últimos anos não provocou os avanços necessários que as nações precisam promover no modelo de desenvolvimento econômico e social. “Alguns usam a crise econômica na Europa, nos Estados Unidos, no próprio Japão, para justificar, de certa forma, o desprezo a um debate que é tão importante para a humanidade”, discursou, na tribuna do Senado.
Apesar dos avanços tímidos, Jorge Viana destacou que o desastre só não foi maior por conta da atuação brasileira. Junto com representantes de outras nações, o Brasil brigou pela prorrogação do Protocolo de Quioto até 2020, com o compromisso de que, em 2015, em nova rodada na França, haverá nova discussão sobre um novo protocolo.
O tratado internacional firmado na década de 1990 impôs compromissos rígidos para os países reduzirem a emissão dos gases que agravam o efeito estufa. O protocolo previa a redução de 5% sobre os níveis de emissão de carbono ainda da década de 90.
O prazo fatal era dezembro deste ano. Mesmo obtendo uma prorrogação, a medida não pode ser considerada uma vitória, já que apenas 36 países signatários se comprometeram a reduzir os gases de efeito estufa em vez das 170 nações que assinaram o acordo anteriormente. “Os países em desenvolvimento estão se negando a cumprir metas de redução das emissões”, criticou Jorge Viana. “Pior: estão levando no faz de conta o compromisso que tinham assumido de financiar com US$100 bilhões, anualmente, a redução das emissões nos países em desenvolvimento”.
O senador petista lamentou o fato de que Japão, Rússia, Canadá e Nova Zelândia, antes exemplos de nações comprometidas com a questão do meio ambiente, tenham se afastado gradualmente de suas obrigações no âmbito da convenção. Além de não ousarem, destacou o parlamentar, tais nações estão recuando dos compromissos já assumidos. Outros países, como os Estados Unidos, jamais assinaram o Protocolo de Quioto.
Apesar do pessimismo, Jorge Viana acredita que o debate precisa ser aprofundado, com o país liderando as discussões. “O Brasil pode ser referência dessa nova economia, tirando lições dos erros da velha Europa, que está numa crise que não tem solução fácil”, apontou. “O mundo precisa de um novo padrão de produção e consumo, de uma nova economia, uma economia do século 21”.
Assessoria de Imprensa do senador Jorge Viana