Corinthianos na Bolívia: Patriota garante que País trata o caso “com firmeza”

As tentativas da oposição de associar o caso dos 12 brasileiros presos na Bolívia com a concessão do asilo político a um senador boliviano “não contribui em nada para acelerar uma solução” para nenhum dos episódios, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, que na manhã desta quinta-feira (4) participou de uma audiência pública no Senado. Ele informou que o advogado dos torcedores corintianos já está negociando um habeas corpus e a possibilidade de prisão domiciliar para os brasileiros, acusados de terem provocado a morte de um adolescente durante uma partida do Corinthians no país vizinho.

Patriota compareceu à Comissão de Relações Exteriores para apresentar os projetos e iniciativas desenvolvidos pela pasta e discorreu sobre os principais eixos da política externa brasileira. Ele destacou a importância da interlocução de Itamaraty com o Legislativo e afirmou que uma a pasta tem buscado estreitar o diálogo, também, com a sociedade civil.

Patriota assegurou que os brasileiros, presos na cidade de Oruro, estão recebendo total assistência do corpo diplomático — afirmação corroborada pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da CRE, que visitou torcedores. “A firmeza do governo brasileiro no caso é a mais completa. Não há afrouxamento. O que pode haver é uma certa reserva em compartilhar publicamente o que é dito pelos canais diplomáticos”.

Patriota destacou a necessidade de o Brasil lidar com o caso com “firmeza no propósito e propriedade nas manifestações” e lembrou que a postura do Itamaraty não pode ser a mesma que a de outras instâncias e que as ações de parlamentares, a imprensa e “até do presidente do Corinthians” são importantes para assegurar um desfecho, mas que cada qual deve se manifestar de acordo com os ritos de sua área.

Respondendo a perguntas de senadores, Patriota negou que a manutenção da prisão dos torcedores do Corinthians seja uma retaliação ao fato de o Brasil ter concedido asilo político ao senador Roger Pinto Molina, que abrigado na Embaixada do Brasil na Bolívia desde maio do ano passado.  

Pinto Molina aguarda um salvo conduto do governo boliviano para poder deixar o país. Ele alega ser vítima de perseguições políticas do governo Evo Morales, mas as autoridades bolivianas alegam que o senador responde a uma série de ações judiciais que levantam suspeitas sobre a atuação dele no campo político. “Entretanto, tentar misturar o caso do senador Molina com o dos corintianos não ajuda em nada”.

Patriota também foi categórico na negação de que o embaixador do Brasil em Cingapura tivesse atuado para que o estaleiro Jurong, daquele país, desviasse investimentos que planejava fazer no estado do Espírito Santo para o Rio de janeiro, para favorecer interesses do empresário Eike Batista. “O que houve, e faz parte do trabalho de qualquer setor de promoção comercial do Brasil no exterior, é que a Embaixada Brasileira em Cingapura forneceu os contatos telefônicos e de correio eletrônico da Jurong a representantes da EBX” [empresa de Batista].

“Posso afirmar com toda convicção de que não há evidência qualquer de que o embaixador tenha favorecido investimento de Cingapura em um estado em detrimento do outro”, garantiu o chanceler.

Sobre os eixos da política externa brasileira, Patriota destacou que o enraizamento da democracia no País, a estabilidade macroeconômica e os avanços no desenvolvimento com justiça social têm sido fatores essenciais para fortalecer uma presença externa soberana do Brasil.

Ele destacou as grandes transformações na cena internacional, “caracterizada por uma tendência de maior difusão de poder, com a afirmação de novos pólos”, lembrando que o Brasil tem trabalhado para fortalecer essas novas articulações e, ao mesmo tempo, dialogar com os pólos já consolidados. O aprofundamento da integração regional, com atenção especial à América do Sul, o diálogo com as Nações em desenvolvimento de todas as regiões e uma presença crescente nos grandes debates da agenda global têm sido a principal característica da atuação do País no plano internacional.

Cyntia Campos

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