Como se não bastasse ter se esquivado publicamente das inúmeras denúncias que lhe pesam, o chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, agora também conta com providencial colaboração de alguns de seus colegas para manter-se como suposto “salvador da pátria”.
O novo episódio nefasto em que está envolvido veio a público na última segunda-feira (6), a partir de reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Conforme documentos apurados pelo jornal, o corregedor nacional do Ministério Público, Rinaldo Reis Lima, determinou em 19 de dezembro passado – último dia de trabalho do órgão em 2019 – o arquivamento de seis reclamações disciplinares apresentadas ao Conselho Nacional do Ministério Público contra Deltan.
O que pode parecer uma invejável eficácia de Lima, na verdade, soa mais como descarada proteção para isentar o procurador de possíveis penas ou condenações: dos seis despachos analisados, cinco foram assinados pelo corregedor em menos de 20 minutos, entre 18h51 e 19h07.
A velocidade recorde dos despachos prova mais uma vez que, quando convém, o Judiciário funciona muitíssimo bem, mas ainda com seletividade e influenciado pelo jogo político.
Entre as acusações que pesam contra o chefe da força-tarefa – muitas delas amplamente divulgadas por sites como The Intercept -, está o fato de ele ser pago para realizar palestra e gravar vídeo promocional para a Neoway Tecnologia, investigada na Lava Jato. Outra denúncia aponta que Deltan teria realizado encontro secreto organizado pela XP Investimentos.
Suprema ousadia
Outra representação contra Deltan, esta apresentada pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, coloca o nome do procurador no centro de um escândalo inaceitável num país com estabilidade jurídica: o chefe da Lava Jato supostamente articulou o pedido de impeachment do ministro Gilmar Mendes, do Supremo.
A peça também foi fundamentada em reportagem de The Intercept Brasil a partir de troca de mensagens vazadas do celular de Deltan.
Da Redação da Agência PT de Notícias com informações do Estadão