Nesta sexta-feira (19), o Brasil ultrapassou o triste patamar de 1 milhão de infectados, vítimas da omissão e da covardia de um presidente preocupado apenas em criar o caos institucional no país. A conta dos desmandos e da incompetência de Jair Bolsonaro custou caro à Nação. Segundo o mais recente boletim divulgado pelo consórcio de veículos de imprensa, o Covid-19 já atingiu 1.009.699 mil pessoas e ceifou a vida de 48.427 mil brasileiros.
A calamidade de grandes proporções preocupa líderes internacionais e instituições que são referência no enfrentamento da pandemia, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Imperial College London. A crise sanitária que transformou o Brasil em epicentro da doença na América Latina não foi capaz, no entanto, de florescer algum sentimento humanista ou de cidadania no governo, cujo Ministério da Saúde segue sem comando há mais de um mês.
Em vez de um plano de resposta emergencial, o Planalto sabota há mais de 100 dias o combate ao coronavírus. O governo dificulta o acesso aos dados sobre a pandemia e ataca governadores e prefeitos que tomaram para si a tarefa de frear a escalada do vírus em estados e municípios. Também promove a desinformação e confunde a população ao ignorar práticas de prevenção ao surto recomendadas pelas maiores autoridades mundiais de saúde. E até incita a população a cometer atos criminosos ao pedir a apoiares que invadam hospitais para checar se os leitos têm pacientes.
Em três meses, o país teve a infelicidade de descobrir que a Esplanada foi transformada em um manicômio, cujos ocupantes, reunidos em 22 de abril, não pouparam a combalida democracia brasileira. Entre Bolsonaro e ministros, a equipe revezou-se em um chocante festival de desvarios, impropérios, xingamentos, insultos às instituições, ataques ao meio ambiente, às minorias e à independência da Polícia Federal, para ficar em alguns exemplos. Houve de tudo no encontro da insanidade. Menos o que fazer para proteger e salvar a vida de 210 milhões de brasileiros.
Empresas e trabalhadores abandonados
Como se não bastasse o cada vez mais inacreditável – e, portanto, inaceitável – flerte com o autoritarismo, Bolsonaro nega auxílio às micro e pequenas empresas, arrasadas pela ferocidade com que a pandemia atingiu uma economia já destruída pela ciranda financeira para enriquecer bancos. Enquanto isso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, sonha com a retomada das reformas e a agenda neoliberal.
O ministro e Bolsonaro, aliás, não hesitaram em abandonar o trabalhador à própria sorte, criando toda tipo de entraves burocráticos para pagar um auxílio emergencial de R$ 600. A iniciativa só virou realidade por luta da oposição, já que tanto Guedes quanto o presidente eram contra o pagamento de ajuda. O plano original do governo era um pagamento de R$ 200. O governo teve o desplante de sugerir que a prorrogação do auxílio para informais deveria ser feita no valor proposto originalmente por Guedes.
Ataques à proteção da lei
E mais: Bolsonaro queria que o trabalhador mais uma vez pagasse a conta de sua incompetência. Nesta semana, o PT impediu a aprovação de minirreforma trabalhista na MP 936, cuja proposta de mudanças na CLT prejudicaria ainda mais a classe trabalhadora. Faziam parte do ataque aos trabalhadores a aplicação de novas regras para substituição do depósito recursal exigido em causas trabalhistas; mudanças na gratificação recebidas por bancários; a tornar lei acordos coletivos de bancários; a diminuição da correção monetária de dívidas trabalhistas e a mudança na correção da condenação judicial.
“Conseguimos a retirada do texto das mudanças permanentes na CLT danosas aos trabalhadores, principalmente no critério de correção de dívidas trabalhistas”, disse o senador Rogério Carvalho (SE), líder do PT no Senado. “Vitória dos trabalhadores, vitória do povo brasileiro”, comemorou.
“No meio de toda a balbúrdia bolsonarista está o povo, preocupado em não pegar o vírus, lamentando a morte de amigos e parentes, temendo o fim do auxílio emergencial para os informais e golpeado pela lei que permitirá as empresas só pagarem indenizações de demitidos em 2021”, criticou a deputada federal e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann. “É uma tragédia”.
Carvalho concorda, demonstrando preocupação com o descaso de Bolsonaro. “Nosso país responde por 72% das mortes na América do Sul. Enquanto isso, as únicas declarações de Bolsonaro, foram para boicotar o combate à pandemia”, afirmou o líder do PT.