O início da aplicação das vacinas contra a Covid-19 em dezembro trouxe certa esperança de que os países poderiam enfim voltar a algum grau de normalidade das atividades. Especialistas alertam, no entanto, que as vacinas não eliminarão o vírus. Elas servirão, em um primeiro momento, para evitar complicações e mortes pela doença. Em entrevista coletiva em Genebra, cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, descartou a possibilidade da chamada imunização de rebanho em 2021. “Não vamos atingir nenhum nível de imunidade coletiva em 2021”, explicou Swaminathan, no início da semana.
Por isso, será preciso manter as medidas contra a propagação do vírus por um longo tempo, até porque a pandemia não dá sinais de arrefecimento. Nos EUA, por exemplo, mais um recorde foi batido na terça-feira (12): pelo menos 4,5 mil americanos perderam a vida em decorrência da doença. No Brasil, a média móvel de casos também bateu recorde, chegando a 54.784 contágios diários na terça-feira (12), o maior número desde o início da pandemia. O país registrou 1.109 mortes pela Covid-19 em 24 horas e soma agora 204.980 óbitos e mais de 8,2 milhões de infectados.
Diante de um quadro de ansiedade pela vacina, Swaminathan pediu “um pouco de paciência” para as pessoas. “Leva tempo para dimensionar a produção de doses — não só em milhões, mas aqui estamos falando de bilhões”, disse ela. Até o momento, cerca de 28 milhões de pessoas foram vacinadas, o que corresponde a menos de 0,5% da população mundial. Para chegar a uma imunização de rebanho, especialistas apontam que em torno 70% da população seja imunizada.
Segundo informações da BBC, proporcionalmente à dimensão populacional, Israel é o país que mais vacinou até o momento, com cerca de 21% dos habitantes imunizados. Depois, os Emirados Árabes Unidos (11,8%) e Bahrein (5,44%). Já os EUA, entre outros países, enfrentam problemas logísticos, como armazenamento, falta de insumos como seringas frascos, distribuição das vacinas, pontos de vacinação e até mão de obra especializada.
Variante do vírus encontrada no Amazonas preocupa
A notícia divulgada pela Fiocruz Amazônia de que uma variante do vírus, encontrada no Amazonas e registrada no Japão depois que viajantes passaram pelo estado, preocupa especialistas. “A variante encontrada por pesquisadores japoneses a partir de pessoas que estiveram no Amazonas tem uma série de mutações que ainda não tinham sido encontradas”, afirmou o pesquisador e vice-diretor da instituição, Dr. Felipe Naveca.
“Pelo que nós temos de dado, essas mutações aparecem entre novembro e final de dezembro do ano passado. A gente ainda não tem certeza de quando ela surgiu exatamente, nem se está circulando em grande quantidade”, disse ele.
Apesar de ainda não se saber se a mutação permite uma maior transmissibilidade, a mutação foi descoberta em um momento catastrófico, com o estado vivendo uma explosão de casos. Manaus bateu recordes de mortes em janeiro. Além disso, o sistema de saúde está em colapso.
“Um recado importante é dizer que o vírus mutante, ou o vírus original, eles não atravessam a máscara, eles não resistem a lavagem das mãos com sabão ou álcool em gel, e a transmissão também é evitada com distanciamento social”, alertou Naveca. A hora é de redobrar atenções.
Da Redação https://pt.org.br, com informações de G1? e ‘BBC News’