A CPI da Covid espera, nesta semana, avançar ainda mais na investigação sobre o gabinete paralelo criado por Jair Bolsonaro para ajudá-lo na condução da pandemia e, assim, identificar aqueles que contribuíram para o inaceitável número de mortos pelo novo coronavírus, que se aproxima de meio milhão.
Além de ouvir mais uma vez o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na terça-feira (8); e o ex-secretário executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco, na quarta-feira (9), os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito devem aprovar as convocações do deputado Osmar Terra (MDB-RS), apontado como um dos articuladores do gabinete paralelo, e da médica Ludhmila Hajjar, que recusou convite para suceder o general Eduardo Pazuello na Saúde, após se reunir com Bolsonaro.
Os indícios de que a política genocida contou com aval e foi estimulada por um grupo de pessoas que não faz parte do governo federal já são fortíssimos e ganharam ainda mais força após a divulgação de um vídeo pelo portal Metrópoles, no qual Bolsonaro aparece reunido com alguns desses cúmplices.
Na filmagem, fica claro o papel de destaque desempenhado por Osmar Terra, e é possível ver que, em determinado momento, o virologista Paolo Zanotto sugere a atuação do grupo nos moldes de um “shadow cabinet“, ou gabinete das sombras, em português (assista abaixo).
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Quebra de sigilos
Além disso, o Correio Braziliense mostra, em reportagem publicada nesta segunda-feira (7), que a CPI vai investir na quebra dos sigilos bancários e de comunicação das pessoas suspeitas de serem integrantes do gabinete paralelo.
Segundo o jornal, podem ter os sigilos quebrados: Eduardo Pazuello, general e ex-ministro da Saúde; Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social; Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores; Marcos Erald Arnoud, conhecido como Markinho Show, ex-marqueteiro do general Eduardo Pazuello quando este esteve à frente do Ministério da Saúde; Carlos Wizard, empresário; Carlos Bolsonaro, vereador e filho de Bolsonaro, apontado como um dos articuladores do gabinete; Filipe Martins, assessor de assuntos internacionais do presidente Jair Bolsonaro; e Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, conhecida como Capitã Cloroquina.
Completam as audiências nesta semana o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), que será ouvido na quinta-feira (10), e o médico sanitarista Claudio Maierovitch, que é ex-presidente da Anvisa e da Fiocruz, e a infectologista da USP Natalia Pasternak. Wilson Lima foi chamado após ter sido alvo de operação da Polícia Federal que apura desvios de verba no estado. Além disso, ele já foi acusado pelo vice-governador Carlos Almeida Filho de ter usado a população amazonense como cobaia da imunidade de rebanho sem vacina.
Agenda da CPI da Covid, de 8 a 11 de junho:
8 de junho: Marcelo Queiroga, atual ministro da Saúde
9 de junho: Elcio Franco, ex-secretário executivo do Ministério da Saúde
10 de junho: Wilson Lima, governador do Amazonas
11 de junho: Claudio Maierovitch, médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa e da Fiocruz, e Natalia Pasternak, infectologista