CPI da Petrobras no Senado não vai acabar, garante Pimentel

Grande imprensa insiste na tese de que com a abertura da CPI mista, investigação do Senado perde o sentido

CPI da Petrobras no Senado não vai acabar, garante Pimentel

Cercado pela imprensa, relator da
Comissão Parlamentar lembra que há
uma decisão do Supremo determinando
o funcionamentoda CPI do Senado

Com os trabalhos da CPI da Petrobras no Senado já em andamento, o relator da comissão, José Pimentel (PT-CE) também participou, na quarta-feira (28) da instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), composta por 16 deputados e 16 senadores, para fazer a mesma investigação. Em entrevista após o término dos trabalhos (28), Pimentel garantiu que a comissão específica do Senado vai continuar, até porque essa foi a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).  
 

Repórter – Senador, houve uma proposta de encerramento da CPI do Senado. O senhor vai continuar tocando os trabalhos mesmo?

José Pimentel – Quem apresentou a proposta, que é o PSB (deputado Beto Albuquerque), não fez parte da autoria da ação no Supremo Tribunal Federal. Como nós temos uma decisão do STF determinando o funcionamento da CPI específica do Senado, precisamos dialogar com os autores para saber qual é o processo. E nós vamos continuar com os trabalhos da CPI específica do Senado que tem os mesmos autores e os mesmos membros do Senado Federal, numa e noutra. Amanhã vamos ouvir o doutor Jorge Zelada às 10h15. Quero registrar também que há mais de uma hora essa comissão (a CPI mista) funciona com os mesmos senadores que fazem parte da comissão específica: José Pimentel, Vital do Rêgo, Vanessa Graziottin. Portanto, aqueles que diziam que a CPI do Senado estava esvaziada devem ter percebido que que hoje  tivemos também pouca presença. De 64 membros, nós tínhamos apenas 9 presentes.
 

Repórter – Vocês vão ampliar as análises que o senhor apontou, Repsol (troca de ativos durante o governo FHC com a Petrobras e que corre em segredo de justiça e o afundamento da plataforma P-36, em 2001, quando onze trabalhadores morreram)?

Vamos aguardar o plano de trabalho do relator da CPI mista e ali ele deverá abordar esse conjunto de ações, porque a internacionalização da Petrobras começou em 1999 e tivemos a aquisição de uma série de empresas, a exemplo da Repsol, que é comprovado um prejuízo de R$ 2,5 bilhões à Petrobras. E temos ações tramitando na Justiça e  que hoje estão no Supremo Tribunal Federal. Da mesma forma, nós tivemos o sistema de plataformas com defeitos e a mais grave delas é a P-36 (que afundou), em que perdemos 11 vidas que não tem preço, e  que gerou um prejuízo de R$ 2,2 bilhões à Petrobras. Como um dos eixos de investigação é a insegurança das plataformas, necessariamente teremos que voltar à P-36.
 

Repórter – Vai trocar informações com o relator?

Isso é uma decisão do colegiado. Na hora em que este aqui formular o pedido nós vamos analisar.
 

Repórter – A CPI do Senado acaba, então?

De forma alguma. Nós temos uma decisão do Supremo Tribunal Federal determinando o funcionamento da CPI do Senado.
 

Repórter – Existe essa possibilidade (acabar a CPI do Senado)?

O Parlamento é uma casa de conversas e eu acredito que aqueles que tiveram a diligência de ir ao Supremo Tribunal Federal pedir a sua instalação deveriam ter a mesma atenção na condução daquele processo.

Marcello Antunes

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