Representantes do PT no Senado na CPI das ONGs, o senador Beto Faro (PT-PA), titular, e a senadora Teresa Leitão (PT-PE), suplente, são categóricos: sem objeto definido, a comissão parlamentar de inquérito que será instalada nesta quinta-feira (15/6) tem como único foco criminalizar organizações não-governamentais.
A iniciativa do senador Plínio Valério (PSDB-AM) tem como base ilações feitas durante o governo passado que colocam sob desconfiança a atuação de ONGs no país, em especial aquelas que trabalham com a preservação da Floresta Amazônica.
“A CPI tem como principal objetivo criminalizar ou procurar argumentos contra o governo. Já houve outras iniciativas a respeito, e nunca foi provado nada nesse sentido. Esta comissão já será criada com uma perda de foco e sem um objetivo claro, a não ser buscar argumentos infundados.”, declarou o senador, indicado como membro titular do colegiado.
Beto Faro disse também estranhar uma investigação sem objeto e num momento em que o país recupera seu prestígio internacional, após quatro anos de ataques bolsonaristas ao meio ambiente. “Outro fato que nos chama muito a intenção é a criação desta comissão tão perto do recesso parlamentar, e justamente quando o Brasil volta ao cenário mundial como protagonista de tantas ações positivas”, disse.
Na mesma linha se manifestou a senadora Teresa Leitão (PT-PE), indicada como suplente da CPI. Para ela, o trabalho será importante para impedir que entidades sérias sejam prejudicadas. “Vamos atuar nessa CPI com bastante prudência e firmeza, sem permitir que ela se torne um palco para ilações contra organizações civis sérias”, afirmou.
Para ela, é possível investigar sem prejudicar a população. “Se há atividades que merecem fiscalização mais rigorosa em defesa das populações mais vulneráveis na Amazônia, deveremos nos debruçar sobre isso, mas não aceitaremos perseguição baseada em falsos argumentos que pretendem ideologizar indevidamente essa questão”.
Em 2010, CPI foi fiasco
Esta é a segunda vez que senadores de direita criam uma CPI para investigar a atuação de ONGs. A primeira foi criada em 2007, com o mesmo tipo de acusação sem fundamento e também sem objeto. Depois de três anos de embates entre senadores e quatro adiamentos do prazo original de encerramento, a CPI terminou sem aprovação do relatório final, que nem mesmo foi lido.