Alessandro Dantas

Randolfe mostrou elo entre advogado e esquema no INSS
O advogado Nelson Willians, investigado no inquérito sobre descontos irregulares em aposentadorias e pensões, esteve na CPMI do INSS, nesta quinta-feira (18/9). Não respondeu a praticamente nenhuma pergunta, ancorado em habeas corpus dado pelo ministro Nunes Marques, do STF, e na garantia constitucional de não produzir provas contra si mesmo.
Ainda assim, inquirido pelo senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), sobre conhecer o ex-presidente do INSS e ministro da Previdência no governo Bolsonaro, titubeou, e acabou abrindo o caminho para que fosse exposta uma face importante do esquema.
“O senhor conhece José Carlos Oliveira, ex-diretor de Benefícios do INSS?”, perguntou Randolfe Rodrigues. O advogado não negou nem confirmou, para depois ouvir calado o senador petista explicar a linha do tempo das fraudes.
Até 2020, conforme apurou a Polícia Federal, o escritório de Willians tinha um contrato com a Geap (plano de saúde especializado em servidores públicos). Até abril daquele ano, houve uma movimentação atípica de R$ 16 milhões, conforme detectou o Coaf. Em seguida, o INSS firmou um acordo com a Ambec, uma das entidades que mais desviou recursos. “Nesse momento, o diretor de Benefícios, que firmou o acordo, era José Carlos Oliveira. E a Ambec tem um salto de 3 para 650 mil associados no intervalo de um ano. E consta que nesse período o escritório de Willians advogava para a Ambec”.
Nelson Willians foi alvo de buscas e apreensão por parte da PF. Transações consideradas suspeitas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontaram movimentações do escritório dele na ordem de R$ 4,3 bilhões entre 2019 e 2023. No início de sua intervenção na CPMI, Randolfe Rodrigues lembrou que Nelson Willians foi apoiador de primeira hora da candidatura de Jair Bolsonaro, em 2018, inclusive assinando manifesto a favor do agora condenado por tentativa de golpe de estado.