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CPI precisa apurar autores de fake news sobre vacina

Humberto anuncia abertura de investigação sobre quem espalha falsas notícias para tirar credibilidade do imunizante, além de apurar responsabilidade do governo por falta de leitos, equipamentos e medicamentos
CPI precisa apurar autores de fake news sobre vacina

Foto: Alessandro Dantas

A CPI da Pandemia, que deve ser instalada nos próximos dias, deverá apurar não apenas a responsabilidade do governo pela condução desastrosa da pandemia, que já matou mais de 371 mil brasileiros, mas também as fake news bolsonaristas espalhadas pelas redes sociais. O senador Humberto Costa (PT-PE), titular da comissão, diz que é urgente apurar quem são os responsáveis pelos boatos contra a eficácia da vacina, além de investigar a responsabilidade do governo pela falta de leitos, de equipamentos, de testes e dos próprios imunizantes.

“O governo seguiu a tese da imunidade de rebanho – uma tese criminosa –, contrariando as recomendações das autoridades e especialistas. Essa condução adotada pelo governo é profundamente equivocada e ajuda a explicar a tragédia que o Brasil vive”, lamentou o parlamentar, que foi ministro da Saúde no governo Lula. Ele também diz que as denúncias do Tribunal de Contas da União (TCU) apontando o abuso de poder do governo e a insistência no chamado “tratamento precoce” também precisam ser alvos da CPI.

O senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da Minoria no Senado, avalia que o alvoroço de Bolsonaro e sua trupe para barrar CPI já é, por si só, um bom GPS para detectar a responsabilidade do governo pela tragédia sanitária que o país atravessa. “A negligência do governo federal com a vida do povo brasileiro durante a pandemia é óbvia. Mas será por meio da CPI que o Senado irá identificar cada ato e cada omissão que nos trouxeram até este caos”, opina.

Suplente do PT na CPI, o senador Rogério Carvalho (SE), que também é médico especialista em Saúde Pública, diz que a CPI vai conseguir responder a questões que considera fundamentais: Quem estimulou tantas mortes? Foi negligência ou ação intencional? O presidente promoveu a expansão da pandemia? “Acredito que em apenas 90 dias vamos provar que houve uma ação deliberada colocada em curso por Bolsonaro e seus assessores”, destaca o parlamentar.

De acordo com Humberto, o relatório do TCU apresentado na semana passada é um bom roteiro inicial para a comissão. Ele diz que é fundamental ouvir alguns dos responsáveis pela políticas do governo. Por isso, quer levar os ex-ministros Ernesto Araújo e Eduardo Pazuello, além do ministro da Defesa, General Braga Netto, ao banco de depoentes da CPI. “O relatório do TCU é muito rico, vai ser uma base importante para os trabalhos”, explica. Na semana passada, o TCU apontou omissões graves de Pazuello em gestão da pandemia. A pasta evitou assumir a liderança do combate à Covid-19.

Pazuello mudou o plano de contingência do Ministério da Saúde na pandemia, com a finalidade de retirar responsabilidades do governo federal sobre o gerenciamento de estoques de medicamentos, insumos e testes. Foi sob o comando de Pazuello que o Brasil saltou de 15 mil para 300 mil óbitos pela doença e tornou-se uma ameaça global.

A CPI quer também informações sobre os gastos do governo federal para a compra de medicamentos ineficazes, a exemplo da fabricação de cloroquina pelo Exército. A meta, de acordo com o documento, é “identificar possível superfaturamento na compra de insumos para a referida produção de cloroquina”. O governo investiu pesado na produção do medicamento, considerado inadequado e ineficaz no tratamento da Covid-19, conforme atestou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

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