O fim do esforço concentrado do Congresso não vai significar a paralisação dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos – o Carlinhos Cachoeira. Na próxima terça-feira (14/08) a Comissão reúne-se em sessão administrativa para a votação de requerimentos e, na quarta (15/08) estão convocados para depor o ex-segurança do senador cassado Demóstenes Torres, Hillner Braga Ananias.
Os parlamentares tentarão ouvir também o policial aposentado Aredes Correia Pires, além do ex-presidente do Departamento de Trânsito (Detran) de Goiás, Edivaldo Cardoso de Paula, e da empresária Rosely Pantoja. A reunião está marcada para a próxima quarta-feira (15), a partir das 10h15. Os depoimentos foram convocados por despacho do presidente da CPMI, senador Vital do Rego (PMDB-PB).
Ex-segurança do senador Demóstenes Torres, que perdeu o mandato depois de ter sido acusado de envolvimento com o grupo de Cachoeira, Hillner Ananias teve o nome citado em ligações captadas pela Polícia Federal durante as investigações da operação Monte Carlo, que resultou na prisão do contraventor goiano.
Foram quase sete anos de assessoramento ao parlamentar cassado e, na opinião do senador Pedro Taques (PDT-MT), autor do requerimento que resultou na convocação, ele poderia prestar esclarecimentos relevantes à comissão, devido ao período de convivência próxima com Demóstenes Torres.
Os outros três convocados para prestar depoimentos são:
Aredes Correia Pires: delegado aposentado da Polícia Civil e ex-corregedor-geral da Secretaria de Segurança Pública de Goiás. Segundo a Polícia Federal, ele teria recebido um dos aparelhos de rádio Nextel distribuídos pelo contraventor goiano na tentativa de evitar grampos.
Rosely Pantoja: sócia da Alberto & Pantoja Construções, empresa tida pela Polícia Federal como integrante do esquema do contraventor goiano. O primeiro depoimento dela na comissão estava marcado para 3 de julho, mas, na época, ela não chegou a ser localizada. Segundo a Polícia Federal, a Alberto & Pantoja é uma empresa de fachada de Carlinhos Cachoeira para lavar dinheiro da empreiteira Delta. Assim como a Brava Construções, ela tem endereço fictício – um prédio numa cidade-satélite de Brasília onde funciona uma oficina mecânica.
Edivaldo Cardoso de Paula: ex-presidente do Departamento de Trânsito de Goiás (Detran). Aparece em gravações policiais garantindo o repasse de verbas do governo estadual para uma das empresas de Cachoeira. Além disso, a suspeita é de que ele teria sido indicado para o cargo pelo contraventor goiano. Em depoimento à CPI, o delegado da PF Matheu Mella Rodrigues destacou a influência do grupo de Cachoeira em órgãos como Detran, Agetop (Agência de Transportes e Obras Públicas) e secretarias do Estado de Goiás.
No dia anterior, a comissão vai se reunir para votar requerimentos de convocação. Estão na pauta pedidos para que sejam ouvidos o jornalista da revista Veja Policarpo Júnior; o presidente do grupo editorial Abril, responsável pela publicação da revista, Roberto Civita; o procurador-geral da República, Roberto Gurgel; o ex-governador de Goiás, Iris Resende; e o atual, Marconi Perillo, para uma segunda oitiva.
Com informações da Agência Senado