A relatora da CPMI do Golpe, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), foi agredida pelo deputado bolsonarista Eder Mauro (PL-PA). O parlamentar de ultradireita perdeu a compostura enquanto a parlamentar questionava o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques sobre processo onde é acusado de agredir um funcionário de um posto de combustíveis.
O caso ocorreu em outubro de 2000, em Goiás. A vítima recebeu uma indenização de R$ 53 mil pagos pela União. A Advocacia-Geral da União (AGU) cobra de Vasques o ressarcimento da despesa, que hoje chega a R$ 99 mil, em preços atualizados.
A relatora questionava se Silvinei teria ou não sido condenado neste processo. Diante da enrolação do depoente, Eliziane insistiu na pergunta.
Parlamentares da oposição então começaram a atrapalhar os trabalhos, até que o deputado bolsonarista Éder Mauro (PL-PA) passou dos limites. Ele, que nem mesmo é integrante da comissão, começou a gritar com Eliziane por insistir com Silvinei que respondesse a verdade sobre o processo.
A senadora não recuou e condenou os ataques do deputado do PL. “Não vou aceitar que parlamentar nenhum tente cercear minha voz. Deputado [Éder Mauro], vossa excelência nem é integrante desta comissão. Então, simplesmente, se cale. Se cale, porque quem está falando é a relatoria da comissão e eu não vou aceitar (isso) nem (de) você nem (de) ninguém. Vá gritar em outro lugar, aqui não, respeite a comissão”, exclamou Eliziane.
Após as agressões sofridas pela relatora, o presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA), suspendeu a sessão. Na retomada, afirmou que não queria pedir a nenhum parlamentar que se retirasse do local por fazer “balbúrdia” e atrapalhar os trabalhos.
Somente na volta dos trabalhos, Silvinei finalmente reconheceu ter sido condenado em primeiro grau na Justiça Cível de Santa Catarina pelo caso de agressão. O processo de cobrança tramita atualmente no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, mas não avança desde 2019.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Golpe investiga os responsáveis pela destruição das sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. Na última semana, o colegiado aprovou 222 requerimentos, incluindo um que coloca Jair Bolsonaro no centro das investigações: de autoria do senador Rogério Carvalho (PT-SE), quer informações contidas no celular de Mauro Cid, braço direito de Bolsonaro, e outras eventuais provas referentes a ligações do ex-presidente com os ataques de 8 de janeiro.