Investigação

CPMI do INSS revela laços de contador com entidades fraudulentas

Mauro Palombo prestava serviços para empresas que recebiam os recursos desviados por meio de descontos associativos

Alessandro Dantas

CPMI do INSS revela laços de contador com entidades fraudulentas

Paulo Pimenta questiona contador por elo com entidades fraudulentas

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes em descontos indevidos de aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ouviu nesta quinta-feira (27/11) o contador Mauro Palombo Concílio. Ele é considerado uma figura-chave nas investigações, sendo apontado pela força-tarefa da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União como o elo que conectava todos os núcleos do bilionário esquema criminoso.

Com uma vasta estrutura de escritórios de contabilidade, e sendo sócio ou dono de dezenas de empresas, muitas delas descritas como sem lastro econômico real, Palombo está diretamente ligado às fraudes investigadas.

O contador teria atuado em todos os níveis da operação fraudulenta. As investigações apontam que que ele era o responsável pela contabilidade de figuras centrais no esquema de descontos associativos, como Felipe Macedo, Anderson Vasconcelos e Américo Monte Jr, os chamados golden boys, empresários que ostentam vida luxuosa e que movimentaram fortunas a partir dos descontos associativos.

Palombo também trabalhava para dirigentes do INSS envolvidos no escândalo, como Virgílio Ribeiro e André Paulo Félix Fidelis, nomeados no governo Bolsonaro. Além disso, era contador das associações que mais arrecadaram ilegalmente com os descontos associativos, incluindo Amar Brasil, Master Prev, AASAP e ANDDAP.

De acordo com o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), chama a atenção o fato de tantas empresas e pessoas ligadas ao caso buscarem serviços de um mesmo contador, residente nos Estados Unidos. “Por que razão, com milhões de contadores aqui dentro do Brasil, alguém ia escolher um contador, que mora nos Estados Unidos, que vem aqui três vezes por ano? E curiosamente todos eles, todos os investigados desse núcleo criminoso do INSS escolheram o mesmo contador, o mesmo advogado para fazer a documentação, para registrar as empresas e para justificar essa engrenagem contábil e criminosa”, afirmou o deputado petista.

As investigações da PF e da CGU também revelaram que o contador prestava serviços para empresas satélites que recebiam os recursos desviados das entidades, como MKT Connections (empresa do alfaiate João Camargo Júnior), ADV Serviços, EMJC e JBG.

Sua atuação se estendia a aspectos cruciais do esquema, como a emissão de certidões durante a formalização dos Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) perante o INSS, como as da AMAR BRASIL. Em resposta à dimensão dos crimes, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem trabalhado ativamente para investigar as fraudes, desmantelar o esquema e, principalmente, devolver os recursos aos aposentados e pensionistas lesados. A ofensiva federal, que culminou na prisão de vários envolvidos, visa assegurar a integridade dos benefícios previdenciários e proteger a população mais vulnerável.

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