A trama golpista que envolveu o ex-ministro da Justiça Anderson Torres nos ataques de 8 de janeiro começa a ser aprofundada nesta segunda-feira (26/6), a partir das 14h, quando a CPMI do Golpe interrogará o coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime.
Naime era comandante de Operações da PMDF e estava subordinado a Torres, nomeado secretário de Segurança Pública em 2 de janeiro. Eles eram, portanto, dois dos principais responsáveis pela proteção da Esplanada dos Ministérios no dia do ataque às sedes dos Três Poderes. Proteção que, o mundo inteiro viu, não existiu.
A sucessão de erros na Segurança de Brasília foi tão grande que se torna impossível acreditar que se tratou de um simples erro involuntário. Tanto é assim que, logo após a tentativa frustrada de golpe, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão de Torres, Naime e do ex-comandante-geral da PM Fábio Augusto Vieira. Dos três, apenas Naime continua preso.
Caso não se acovarde e responda às perguntas dos deputados e senadores da CPMI, o coronel Naime – cuja esposa, aliás, recebeu emprego de Torres no Ministério da Justiça em 2021 – poderá responder muitas perguntas que continuam à espera de uma boa explicação:
– Por que ele, Torres e outros membros-chave da PM tiraram férias ou licença justamente no período em que Brasília vivia uma turbulência golpista, mesmo havendo uma ordem que proibia dispensa de PMs até 9 de janeiro?
– Por que, mesmo com informes da área de inteligência sobre a chegada de milhares de manifestantes dispostos a tomar o poder, os efetivos da PMDF não foram colocados de prontidão (que permitiria um acionamento mais rápido), mas apenas de sobreaviso (esperar em casa)?
– Por que, mesmo com os avisos da área de inteligência, foi colocado para comandar a segurança da Esplanada o inexperiente major Flávio Alencar, mais tarde preso também por ter sido flagrado por câmeras de segurança facilitando acesso dos golpistas ao prédio do STF?
– Por que, um dia após a fracassada tentativa de golpe, o coronel Naime tentou sair de Brasília, o que levou a Polícia Civil a investigá-lo por uma possível tentativa de fuga?