Apoiado por colegas, Viana defendeu que o Senado assuma algum papel diante da crise. “Nós não podemos ficar numa espécie de zona de conforto, que no fundo é desconforto para todos”, alertou. “Porque o conflito agora está entre o Palácio do Planalto e o Ministério Público Federal, o Palácio do Planalto e a Polícia Federal, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal”. O senador comentou que o Senado precisa discutir o que fazer. “Aqui é a Casa de Rui Barbosa, aqui é o Senado Federal, tem 190 anos, que sempre teve grupos de mandatários para discutir em momentos de crise”, disse.
Viana integra um grupo de parlamentares que começou, ainda nesta quarta-feira, um movimento suprapartidário para estabelecer o diálogo e discutir a conjuntura política, tentando retomar um mínimo de estabilidade, preocupado com o tensionamento entre os Poderes da República. O grupo inclui senadores como Armando Monteiro (PTB-PE), Ana Amélia Lemos (PP-RS), Cristovam Buarque (PPS-DF) e Roberto Muniz (PP-BA), entre outros senadores.
Eles querem tratar do futuro do país, tendo em vista que o governo Michel Temer dá sinais de enfraquecimento político, o que tende a agravar a crise. “Não podemos mais acreditar que o governo que está lá no Palácio vá dar solução para o tamanho da crise que estamos vivendo. Não se trata de gostar ou não do governo. É o mundo real. Agora, e o povo brasileiro? Aguenta mais ainda? O Brasil aguenta?”, questionou Viana.
“Nunca pensei que ia ouvir no Senado, no Bom Dia Brasil, no Jornal Nacional, em qualquer veículo de comunicação que a gente ouve, no rádio, ou lê, dizendo assim: ‘O presidente da República Michel Temer é chefe de uma quadrilha’. Dito pela Polícia Federal do Brasil numa investigação”, advertiu Viana. Ele também questionou o nível de enfrentamento institucional. “O presidente da República pede autorização da Justiça para processar um dos delatores, e a Justiça nega”, comentou.
O senador se disse preocupado com o fato de mesmo o presidente interino da República tendo assumido, por conta da viagem de Temer ao exterior, o impasse político continua no horizonte. “Nada pessoal, mas, sinceramente, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, virou um cúmplice do Palácio. Deixou de lado a Presidência do Poder Legislativo, que é a Casa do povo, a Câmara Federal, e virou um cúmplice do Palácio”, destacou Viana. “E nós estamos precisando de presidente de poder nessa hora, já que estamos vivendo uma crise”.
Na tribuna do Senado, o senador acreano disse que no passado se lutava pelo sonho da retomada da democracia. E, agora, o tempo é de sofrimento sem sonho. “O sonho foi embora, porque o modelo político faliu, e a política sem honestidade, sem ética, não tem utopia, não tem sonho. Isso vale para todos nós, para todos os partidos, para todos nós que ocupamos mandato”, alertou.