Investimento estrangeiro direto (IED) é a denominação para o dinheiro de investidores externos remetidos ao Brasil, para que seja aplicado em produção, seja qual for o setor da economia: serviços, indústria e em obras de infraestrutura. Até outubro, o volume de dólares que ingressou no País com essa finalidade ficou em US$ 70,1 bilhões, ou o cerca de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB).
Você sabia disso? Não acredita?
Pois é, por mais que o Brasil enfrente uma crise econômica, com o governo cortando na própria carne e implantando um ajuste fiscal, os investidores estrangeiros continuam acreditando mais no Brasil do que muitos brasileiros, porque vislumbram o longo prazo e acham que uma crise, seja ela política ou econômica, sempre é superada.
Em junho último a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um balanço global sobre o ano de 2014 – cujas principais economias continuavam enfrentando a crise econômica. Os números dos investimentos estrangeiros diretos no Brasil ficaram em US$ 62 bilhões, US$ 2 bilhões abaixo de 2013. Mesmo assim, no mundo, o Brasil ficou na sexta posição de países que mais receberam investimento. O líder do ranking é a China, cada vez maior parceira do Brasil, que recebeu US$ 129 bilhões; seguida por Hong Kong, com US$ 103 bilhões, Estados Unidos, com US$ 92 bilhões, Reino Unido, com US$ 72 bilhões e Cingapura, com US$ 68 bilhões.
Na América Latina, o Brasil é o principal destino desses recursos, por mais que parlamentares da oposição e parte da mídia gostem de fazer comparações com economias minúsculas ao redor do mundo, expondo, sempre, o complexo de vira lata. Pois é: se em 2014 o País recebeu US$ 62 bilhões, e liderou o ranking, o Chile recebeu somente US$ 22,9 bilhões, o México US$ 22,8 bilhões, a Colômbia US$ 16,1 bilhões e o Peru US$ 7,6 bilhões. Quando se fala em crise, o investimento estrangeiro direto caiu 14,4% em toda a região.
Só que o valor acumulado em doze meses terminados em outubro, mostrando que neste ano o Brasil recebeu mais de US$ 70 bilhões, aponta que por mais que a nota de risco tenha sido reduzida, as oportunidades em todos os setores falam mais alto aos olhos dos investidores. O motivo é que o País respeita os contratos, não têm conflitos, tem um mercado consumidor formado por 200 milhões de pessoas e onde mais de 40 milhões de pessoas foram incluídas na chamada sociedade de consumo.
Na terça-feira (15), na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que mesmo em um ano de contração econômica, “a economia brasileira continua atraindo montantes significativos de capitais internacionais na forma de investimento direto”. Ele projeta que o valor que ingressará neste ano será de US$ 65 bilhões, “o que demonstra a confiança dos investidores internacionais na nossa economia. Este volume será suficiente para cobrir o déficit em transações correntes de 2015 e essa tendência positiva deverá ser mais acentuada em 2016”, disse ele.
Por que?
Uma outra explicação para esse movimento é o colchão de liquidez que o Brasil formou a partir do governo Lula, em 2003, quando as reservas internacionais eram de US$ 30 bilhões, embora US$ 19 bilhões eram empréstimos do FMI. O governo Lula quitou essa dívida e em seguida as reservas foram crescendo e hoje estão em US$ 370 bilhões. A depreciação do dólar, algo em torno de 30%, ajudou a recolocar as exportações no azul. Até outubro, o acumulado superava US$ 15 bilhões ao passo que as importações caíram.
O efeito disso é que as indústrias nacionais começam a substituir os produtos que antes eram importados, indicando maior atividade da indústria de transformação. Com maior inovação tecnológica, novos empregos serão criados e quem foi demitido poderá ser realocado. O nível de desemprego está em 8% e, com a dose de otimismo que os investidores estrangeiros têm em relação ao Brasil, logo esse percentual cairá.
Veja só: ontem, terça-feira (15), o governo homologou o resultado do leilão de 29 usinas já existentes que garantiu uma receita de R$ 17 bilhões. A partir desta quarta-feira (16) até 15 de janeiro, estará em audiência pública o edital para o leilão de transmissão de energia elétrica, que será o maior dos últimos anos e está dividido em 26 lotes. Os investimentos serão elevadíssimos.
Outra notícia favorável num momento que a mídia e parte da oposição aposta numa crise política para afetar a econômica, o destaque é o lançamento do Programa de Geração Distribuída, com destaque para a energia solar. Até 2030 a previsão é de R$ 100 bilhões em investimentos, onde 2,7 milhões de consumidores vão gerar energia elétrica em suas residências, comércio e indústria.
Do lado da parceria público privada, o Ministério da Fazenda acaba de lançar o novo marco dessa estratégia, fazendo com que os investidores – sejam eles estrangeiros ou nacionais – tenham a segurança almejada para continuar investindo – e apostando – no sucesso do Brasil. Por essas e outras que a certeza é grande com a superação da crise.
Marcello Antunes
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