No encerramento da atividade semestral da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, na manhã desta terça-feira (17/07), os senadores sinalizaram preocupação com o futuro da produção de etanol no Brasil. Eles temem que a decisão do Governo Federal de aumentar para 25% a quantidade de álcool adicionado à gasolina não seja suficiente para contornar a crise, que tem culminado no fechamento das usinas de cana-de-açúcar. Por essa razão, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), presidente da CAE, considerou que o Congresso Nacional precisa estudar novos estímulos para o setor sucroalcooleiro, no retorno das atividades parlamentares no segundo semestre deste ano.
O petista explicou que após ter sido considerado o propulsor do etanol no mundo, o Brasil agora vive uma fase de retrocesso no setor, com as contas no vermelho. “O setor sucroalcooleiro sofre e o Brasil inteiro paga por isso, com o risco de fechar várias usinas. Aquelas usinas que podem ser compradas, o investidor não quer comprar, porque os estudos de viabilidade técnica-econômica mostram que o valor presente líquido não é atrativo”, explicou.
Na mesma linha, os senadores Sérgio Souza (PMDB-PR) e Ana Amélia (PP-RS) sinalizaram um receio de que o Brasil deixe passar uma oportunidade de expandir um setor estratégico. “O País corre o risco de perder o bonde em áreas estratégicas, por deixar de instruir o setor”, disse Ana Amélia. Por outro lado, ressaltou o parlamentar paranaense: “temos de repensar e discutir esse assunto, porque nós temos de cuidar da cadeia do etanol, que é um combustível limpo e renovável. E é um combustível brasileiro, um orgulho nacional. Tínhamos o Presidente Lula como nosso garoto-propaganda, vendendo essa ideia mundo afora”, lembrou.
A posição estratégica do etanol também foi defendida por Delcídio. Ele observou que, além dos empregos e recursos alavancados pelo setor sucroalcooleiro, a indústria da cana ainda tem um papel importante na produção de energia elétrica limpa. “Outro projeto viável é a geração de energia elétrica, através de biomassa, a partir do bagaço da cana. É terrível esse risco de ver um setor que tem que ser pujante ir definhando, quando o Brasil foi ponta. As nossas plantas eram as mais eficientes da produção de etanol. Hoje já estamos perdendo par a Índia e África do Sul. Então, alguma coisa precisa ser feita, porque esse avanço que o Brasil conquistou, não volte para trás”, afirmou.
Catharine Rocha
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