Lindbergh: “Meios de comunicação desonestos, sistematicamente sonegam informação fidedigna ao público. Sob o manto de combate à corrução, grupelhos golpistas tentam desestabilizar um governo legitimamente eleito”Com a instalação da comissão da Câmara dos Deputados que vai analisar o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, na tarde desta quinta-feira (17), as forças que apoiam o governo vão ter uma nova batalha, mas o fundamental é que, se o resultado for favorável ao governo legitimamente eleito, que as forças derrotadas se comprometam a paralisar a disputa e se engaje em um debate que ofereça saídas para a crise.
A proposta é do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que em pronunciamento ao plenário voltou a criticar duramente as investidas espúrias contra a legalidade. “O impeachment será uma batalha. Espero que o resultado seja positivo para a democracia, que não ocorra o impeachment. Mas tem que ter um compromisso, também da oposição, de que se formos novamente vitoriosos – como nas urnas—que possamos encerrar a briga política”.
Para o senador, a crise política está sendo urdida por meios de comunicação desonestos — que, sistematicamente, sonegam informação fidedigna ao público — políticos ainda mais desonestos, que querem encobrir seus próprios crimes e o seu desprezo pelas instituições democráticas, e alguns juízes, procuradores e delegados autoritários, que querem encobrir seu viés partidário e seus objetivos políticos sórdidos sob o manto cínico do combate à corrupção. Essa é a composição dos “grupelhos golpistas” que continuam a tentar desestabilizar um governo legitimamente eleito e, como consequência, instauram “uma espécie de estado de exceção informal no Brasil”.
Ele denunciou essa articulação perigosa para o Estado de Direito. “Se alguém ainda tinha dúvidas sobre as minhas observações agora tem toda certeza que há no Brasil um Estado policial fora do controle jurídico e institucional”, afirmou, citando o grampo criminoso feito na presidenta da República e no ministro da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva, “e sua divulgação ainda mais criminosa”, fato que, no início da noite de ontem, elevou ainda mais a temperatura política no País.
Além de Dilma e Lula, os advogados do ex-presidente também foram grampeados, numa flagrante ilegalidade. “E hoje a gente vê o juiz Sérgio Moro dizer que não vê relevância no fato de o grampo ser ilegal”, protestou o senador. “Assim, um Estado policial que age ao arrepio da lei e da Constituição, que saiu completamente do controle e que faz o que bem entende para atingir o seu objetivo maior, o golpe”, denunciou.
Para Lindbergh, o episódio do grampo fez “cair em definitivo a máscara” de um juiz, que agiu “como um justiceiro de bairro, daqueles que gostam de fazer suposta justiça com próprias mãos, ao arrepio das leis e da Constituição”. Ele alerta, ainda, que não é aceitável que se invertam os fatos, tentando encontrar qualquer ação criminosa nos diálogos ilegalmente interceptados e distorcidos para botar fogo na crise política.
Mesmo que esse combate estivesse sendo feito de forma isenta, correta, sem seletividade, o senador ressalta que ela jamais justificaria atentados contra a soberania nacional e os atropelos frequentes aos direitos e garantias fundamentais cometidos na Lava-jato. “O combate à corrupção não pode corromper a nossa democracia, não pode servir de justificativa canhestra para golpes e atropelos aos direitos humanos”, lembrou.
“Isso não é o verdadeiro combate à corrupção. Isso é combate político a um governo determinado e às forças políticas que o sustentam. Luta partidarizada e seletiva contra a corrupção não é luta contra a corrupção, é impunidade jurídica para aqueles que fazem oposição e perseguição política para aqueles que estão na Situação”, concluiu.