“Direito à verdade é direito à memória histórica. Na história da humanidade sempre houve certa tensão entre a memória e o esquecimento. Os críticos à comissão se valem dessa tensão. Enxergam em seus trabalhos, equivocadamente, revanchismo e vingança”, afirmou o parlamentar, em discurso no plenário na noite dessa quarta-feira (10).
A CNV produziu, durante dois anos e sete meses de apurações, um relatório dividido em três volumes sobre as barbáries cometidos entre 1946 e 1988. O documento foi entregue à presidenta Dilma Rousseff ontem, quando foi celebrado o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
“Como bem lembrou seu coordenador Pedro Dallari, a entrega do relatório não marca o início, tampouco o fim desse trabalho. Trata-se, na verdade, de um exercício permanente de vigília de toda a sociedade e do Estado brasileiro contra o autoritarismo, a repressão, as violações aos direitos humanos, que começa na transição para a democracia e se estende até os dias de hoje”, disse Lindberg.
O senador defendeu que a sociedade possa identificar a ditadura ainda existente, com o intuito de prevenir qualquer indício de autoritarismo e violação às liberdades públicas e aos direitos humanos. Ele ponderou que os resquícios autoritários ainda persistem nas instituições. Como exemplo, citou as ofensas do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) à colega Maria do Rosário (PT-RS), que afirmou não estuprá-la porque “ela não merece”.
Segundo Lindberg, a colocação foi grave e criminosa, claramente violando o decoro parlamentar (conduta que se espera dos parlamentares). “Trata-se de uma postura extremamente machista e violenta, infelizmente, ainda presente na sociedade brasileira e que merece todo o nosso repúdio”, argumentou, acrescentando que espera que haja punição ao deputado.