Dirigentes, ministros, políticos e militantes |
Depois das conquistas obtidas pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, que sacudiram o Brasil nos anos 70 e colocou a ditadura contra a parede, era preciso mais. Era preciso que os sindicatos que não tivessem aderido ao peleguismo tivessem sua própria federação nacional. Assim, começou a ideia dos novos líderes sindicais do País, com Lula à frente de todos, que resultou na fundação da Central única dos Trabalhadores, a CTU. Hoje, passados trinta anos, a CUT é reconhecida mundialmente como a entidade brasileira que melhor representa a classe trabalhadora, como recentemente a Organização Internacional do Trabalho (OIT) também aferiu, ao classificar a Central como “uma das poucas entidades que têm a capacidade de mudar a realidade da classe trabalhadora”.
Na última quarta-feira (28), dirigentes, ministros, políticos e militantes reuniram-se para comemorar o aniversário da CUT, no Pavilhão Vera Cruz, onde foi constituída. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos grandes líderes da classe trabalhadora, foi convidado a discursar no ato. Lula fez questão de enfatizar que a entidade é uma “guardiã da democracia” brasileira. “A CUT é, na verdade, uma das instituições que não só ajudou a construir, mas continua sendo uma das instituições guardiã da democracia neste País”, afirmou.
O ex-presidente citou a colaboração da CUT no fortalecimento dos sindicatos e em momentos históricos como “Diretas Já”. E destacou que a história da CUT é um sumário da luta dos trabalhadores e trabalhadoras pela garantia de seus direitos. Lula ainda elogiou a atitude sempre contestadora da entidade, que segundo ele, contribuiu inclusive para a construção dos oito anos de seu mandato presidencial.
“Eu tenho o prazer de ter visto a CUT viver o seu momento mais difícil, no nosso governo, de contestar, apoiar e negociar sem abdicar de reivindicar. Eu talvez não tivesse sido um presidente tão bom, como vocês dizem, se não fosse a CUT contestando o que fazíamos no nosso governo”, disse.
No Brasil, a representatividade sindical está em torno de 17% do total de trabalhadores. A CUT tem 36% de todos os trabalhadores voluntariamente filiados a algum sindicato. Sozinha, tem quase a soma de todas as outras cinco juntas.
Momento político atual
A CUT completa três décadas num período de muito embate com os empresários e com o governo. O presidente nacional da entidade, Vagner Freitas, observou que uma das principais bandeiras da CUT hoje é a derrubada do projeto de lei que trata da terceirização. Freitas avalia que esta é uma proposta “famigerada” e pode jogar por terra todos os direitos trabalhistas conquistados ao longo dos anos.
O presidente também destacou a pauta da classe trabalhadora e exaltou a importância dos dez anos do projeto progressista no governo federal.
Em evento paralelo de comemoração na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, a secretária de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, argumentou que a pauta da classe trabalhadora é extensa e conforme os anos avançam e o sistema econômico aumenta o seu nível de exploração da força de trabalho, a luta da classe trabalhadora precisa aumentar.
“Os 30 anos da CUT nos desafia muito mais, se nós queremos continuar a história precisamos defender cada vez mais os trabalhadores e trabalhadoras. Essa nossa história será tão mais bonita se aumentar a capacidade de luta. Lutamos pela liberdade e autonomia sindical, para que nenhuma mulher ganhe menos numa mesma função que os homens, para que os índios sejam respeitados, os negros sejam valorizados e que cada vez mais tenhamos uma central sindical pujante com grande capacidade de mobilização e com propósito de melhorar a vida de milhões e milhões de trabalhadores e trabalhadoras”, defendeu Bertotti.
Em artigo publicado no portal do Partido dos Trabalhadores, Artur Henrique, secretário-adjunto de Relações Internacionais e presidente do Instituto de Cooperação da CUT, comentou a relevância histórica da entidade e frisou que, apesar das muitas conquistas, ainda há teses progressistas e ideias embrionárias da entidade para serem conquistas.
“Falta mudar a estrutura sindical brasileira, acabar com o imposto sindical e substituí-lo por uma contribuição a ser aprovada em assembleia de trabalhadores – o que desfavorecerá a letargia e a criação de sindicatos de fachada. Falta a reforma agrária. Falta a reforma política para acabar com o poder incomensurável dos magnatas sobre as candidaturas e sobre os mandatos. Falta a reforma tributária progressiva, em que os mais ricos paguem mais e os assalariados paguem menos. Falta a democratização dos meios de comunicação. Ainda falta. Mas, inegavelmente, falta menos”.
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Artigo – CUT 30 anos: ainda falta muito, mas falta menos – por Artur Henrique