O ex-senador Delcídio do Amaral testemunhou nesta segunda-feira (22) na 13° Vara Federal de Curitiba, em audiência em processo que tem Luiz Inácio Lula da Silva como um dos acusados, que tenta apurar se a empreiteira Odebrecht teria comprado um imóvel para posteriormente cedê-lo ao Instituto Lula, algo que nunca ocorreu. À maioria das perguntas que lhe foram formuladas, o político respondeu com afirmações pouco objetivas, alegando não conhecer detalhes ou apenas ter ouvido falar sobre aqueles determinados episódios.
O ex-senador, que assinou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e cumpre por isso prisão domiciliar em Mato Grosso do Sul, afirmou que o ex-ministro Antonio Palocci levava ao então governo Lula demandas do empresariado brasileiro, inclusive das empreiteiras que faziam parte de um cartel que fatiava obras e decidia preços em processos licitatórios da Petrobras.
Ao ser perguntado, no entanto, como ficara sabendo de tal fato, ele disse que “ouviu falar” sobre o assunto de Marcelo Odebrecht, que teria um dia comentado isso a ele.
Já quando questionado se tinha algum conhecimento da ligação de Palocci com executivos da Petrobras apontados como articuladores do esquema de fraude em licitações na estatal, Delcídio começou respondendo que tinha impressão de que havia contato próximo entre eles, ao que foi interrompido pelo juiz Sérgio Moro, que disse interessar apenas o que o depoente conhecia como fato, e não suas convicções. Delcídio, então, encerrou esta resposta.
[blockquote align=”none” author=””]O que Delcídio soube explicar em detalhes foi uma audiência que teve em um fórum, em Campo Grande, com autoridades do governo dos Estados Unidos, um juiz brasileiro, um representante do Ministério Público Federal e um advogado da Petrobras. Segundo ele, os americanos fizeram perguntas sobre sua relação com a Petrobras e acerca de temas relacionados à sua delação premiada. “Eu nao entendi o motivo daquela audiência, quem a tinha convocado e quais seriam suas consequências. Mas respondi a tudo com veracidade”, afirmou Delcídio.[/blockquote]
Assim correu, aliás, a oitiva do delator na maior parte do tempo. Suas respostas foram recheadas de “eu não acompanhei de perto, mas fiquei sabendo que”, ou “não participei do episódio, mas todos comentavam que…”.
O delator falou também que o pecuarista José Carlos Bumlai, teria trabalhado na organização do Instituto Lula, quando o ex-presidente deixou o governo, em 2011. “O Bumlai me disse que tinha objetivo de curto prazo de colocar o Instituto para funcionar, e que tinha falado com Marcelo Odebrecht para que ele ajudasse neste sentido”, disse o delator.
Ao ser perguntado, entretanto, se conhecia o teor dessas eventuais conversas entre Bumlai e Marcelo, ele disse: “Eu não conheço os detalhes. Só sei o que o Bumlai me relatou, e ele é muito reservado. Então, não sei nenhum detalhe”.
Delcídio também afirmou não conhecer o suposto prédio que a Odebrecht teria adquirido para doar ao Instituto Lula. Ele disse não saber nem qual era, nem onde era e nem se, efetivamente, foi adquirido e por qual empresa. Também não soube dizer se tal imóvel foi transferido ao Instituto. “Como eu disse, só sei do que o Bumlai me disse, e ele não entrou em nenhum detalhe”.
O que Delcídio soube explicar em detalhes foi uma audiência que teve em um fórum, em Campo Grande, com autoridades do governo dos Estados Unidos, um juiz brasileiro, um representante do Ministério Público Federal e um advogado da Petrobras. Segundo ele, os americanos fizeram perguntas sobre sua relação com a Petrobras e acerca de temas relacionados à sua delação premiada. “Eu nao entendi o motivo daquela audiência, quem a tinha convocado e quais seriam suas consequências. Mas respondi a tudo com veracidade”, afirmou.