Delcídio anunciou, em coletiva, que processará todos os que ultrapassaram os limites da disputa políticaNas eleições de 2014, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) concorria ao cargo de governador do Estado do Mato Grosso do Sul e liderava as pesquisas de intenção de voto. No entanto, durante o processo eleitoral, foram divulgadas informações de que o parlamentar estaria envolvido no esquema de desvio e lavagem de dinheiro na Petrobras, investigadas pela operação Lava Jato. As calúnias contra Delcídio acabaram influenciando no pleito estadual e culminaram com a vitória no segundo turno do adversário, o tucano Reinaldo Azambuja. Mais de quatro meses após o fim das eleições, a verdade: o Supremo Tribunal Federal (STF) não encontrou evidências que relacionem o senador ao escândalo e decidiu pelo arquivamento das denúncias contra ele.
“Ao longo da campanha de 2014 eu tentei me defender, não só nos jornais, tvs e sites que me caluniavam, mas também na propaganda eleitoral, mostrando que eu não tinha absolutamente nada a ver com as denúncias envolvendo a Petrobras, mas, infelizmente, quando consegui os direitos de resposta a eleição já havia acabado. O STF fez justiça, restabeleceu a verdade e comprovou a tese de que nós e toda a população fomos vítimas de um verdadeiro estelionato eleitoral”, afirmou Delcídio, durante entrevista coletiva concedida nessa segunda-feira (9), em seu escritório em Campo Grande.
O senador anunciou que vai processar todos aqueles que ultrapassaram os limites da disputa política e atacaram sua honra e a de sua família. “Foi uma campanha sórdida, imunda, uma carnificina, não só contra mim, mas contra a minha mulher, as minhas filhas e até a minha mãe, que vive lá no Pantanal. Isso é inconcebível. Por esse motivo, estou acionando a Justiça para que os responsáveis pelos ataques mentirosos sejam punidos como prevê a Lei”, disse.
Ele adiantou que qualquer indenização que venha a receber em função dos processos que moverá será repassada a instituições de caridade de Mato Grosso do Sul. “Meus adversários só olham para o próprio umbigo e para seus interesses políticos e financeiros. Dessa forma, mesmo que involuntariamente, eles vão ajudar a quem precisa”, observou.
Durante a coletiva, Delcídio aproveitou para agradecer os votos que recebeu em 2014. “Mesmo diante de tanta lama que me atiraram, 45% dos eleitores votaram em mim para governador. Por isso eu não posso deixar de agradecer a essas pessoas que acreditaram na minha inocência, comprovada pelo Ministério Público e ratificada pelo Supremo. Aqueles que tiveram dúvida em relação ao meu caráter e a minha conduta em função dessas denúncias e acabaram optando por outras candidaturas poderão agora refletir sobre tudo o que aconteceu em Mato Grosso do Sul no ano passado”, colocou.
O parlamentar, no entanto, afirmou não guardar mágoa pela injustiça ocorrida durante as eleições. “Estou muito contente, aliviado, feliz, de alma lavada. E vou continuar trabalhando com muita determinação, como sempre fiz, pelo meu estado e o meu país”, comentou.
Pacto
O senador assume nesta terça-feira (10), pela segunda vez, a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), uma das mais importantes do Congresso Nacional. Ele aproveitou a coletiva para elencar os assuntos que terão prioridade na pauta da CAE nos próximos meses.
“A situação política e econômica do Brasil é muito delicada. Por isso é fundamental construirmos um pacto não só do governo com a oposição, mas com a participação de diferentes segmentos da sociedade, empresários, trabalhadores, movimentos sociais, enfim, todas as forças vivas que podem tirar o País do sufoco e fazê-lo voltar a crescer em níveis compatíveis com as nossas necessidades”, explicou.
Delcídio garantiu que procurará manter o diálogo “com todos para resolver os problemas” atuais, defendendo os interesses não apenas dos sul-mato-grossenses mas de todos os brasileiros.
Em relação aos assuntos de interesse específico de Mato Grosso do Sul, o senador disse que tentará equacionar definitivamente a convalidação dos incentivos fiscais concedidos a empresas instaladas no Estado. O objetivo é afastar qualquer risco desses “benefícios caírem”, o que prejudicaria a economia local.
Além disso, ele ainda pretende dar atenção à renegociação da dívida com o governo federal. “O Mato Grosso do Sul devia R$ 2 bilhões, pagou R$ 5 bilhões e agora deve R$ 7 bilhões. Ou seja, essa é uma conta que nunca fecha. Temos que mudar o indexador para que o estado recupere a capacidade de investimento e possa garantir melhor qualidade de vida a todos os cidadãos”, defendeu.
Futuro
Quanto ao seu futuro político, o senador preferiu não fazer previsões. “Tenho mais quatro anos de mandato pela frente. Quero continuar honrando os 820 mil votos que obtive em 2010, além dos que recebi em 2014. Vou continuar ajudando o meu estado naquilo que for importante e trabalhar com o meu partido para produzir políticas de desenvolvimento do nosso País”, destacou.
Ainda segundo ele, qualquer candidatura em 2018 vai depender do que ocorrerá nos próximos quatro anos. “Sou desapegado. Deus já me deu muita coisa na vida. Se chegar lá na frente e for preciso fazer um redesenho estou junto. Não sou político profissional. Aliás, eu não sou político, eu estou político. Permaneço absolutamente tranquilo e nem perco tempo pensando se vou ser isso ou aquilo em 2016 ou 2018. Não estou nem aí pra isso”, concluiu.
Com informações da assessoria do senador Delcídio do Amaral