Delcídio: quem tira e põe ministro é a presidenta Dilma. O resto é papo.

Senador comentou reportagem em que é citado como um dos responsáveis pela queda do ex-ministro Palocci

Em viajem pelo interior do Mato Grosso do Sul na última segunda-feira (30/08), o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) foi informado de que estava sendo apontado na edição mais recente da revista Veja como membro de um complô que arquitetou a queda do então ministro da Casa Civil, Antônio Palocci. A notícia causou espanto e estranheza no parlamentar que comenta o teor da matéria em uma entrevista cedida a TVPT no Senado.

O senador explicou que o contato dele com o Dirceu é natural, assim como com outros líderes políticos e quando foi visitá-lo não existiu nenhuma conspiração para a queda de Palocci, que, como lembrou, chegou a defender no plenário da Casa. Delcídio ainda destacou que nem mesmo as datas citadas na reportagem não batem com os fatos que antecederam a demissão do ex-ministro.

A revista trouxe imagens – de uma câmera de corredor – de políticos que teria visitado José Dirceu entre os dias 6, 7 e 8 de junho deste ano. Segundo a publicação, nessas visitas o ex-ministro se articulava para pressionar a presidente Dilma a atender as demandas dele. Uma delas seria inclusive a demissão de Palocci, que contou com a ajuda de três senadores da bancada petista: Delcídio, Lindbergh Farias (RJ) e Walter Pinheiro (BA).

Eis a entrevista:

Senador o que o senhor achou da matéria da revista Veja deste fim de semana em que o nome do senhor é citado?

Delcídio do Amaral: Não acrescenta nada. Fala de um suposto motim como se houvesse uma combinação para a queda do ministro Palocci. Não foi isso. Até porque a cronologia não bate, basta ver os jornais daquele dia para se entender bem como é que as coisas se desenrolaram. Então, na premissa, a matéria já não coincide com os fatos. E você não pode brigar com os fatos. O curioso é o seguinte: como é que a gente não pode conversar com um ex-ministro, com um líder político, como é o Zé Dirceu? Não entendi. Eu mesmo converso não só com o ministro José Dirceu, mas converso com outros líderes do PT, converso com lideranças de outros partidos da base aliada, da oposição também, naturalmente do PSDB, do DEM. Político conversa com político, além de conversar com o povo. Então, não entendi direito o objetivo, como se fosse um grande pecado a gente conversar com lideranças partidárias. Não dá para entender.

O senhor teve alguma influência na queda do ministro Palocci?

DA: Nenhuma. Quem sou eu para ter influência? E o ministro Palocci é meu amigo. Eu fui um dos senadores que defendeu o ministro Palocci aqui na tribuna, é só recuperar as sessões do Senado. Respeito o ministro Palocci, porque é um homem competente e acima de tudo é uma liderança importante do PT. Quem tira ministro e põe ministro é a presidenta Dilma. O resto é papo.

Mas o que o senhor foi fazer lá no hotel onde estava José Dirceu? Disseram que o senhor foi se queixar sobre indicações para representações do Mato Grosso do Sul, que é o estado que o senhor representa. Isso procede?

Não. Eu e os senadores Pinheiro e Lindbergh fomos conversar com o ministro José Dirceu até em função daquele quadro que estava ali. Mas jamais para fazer conspiração, para reclamar de alguma coisa. Eu sou um senador da República, eu se eu quiser reclamar alguma coisa, eu vou lá no Palácio do Planalto. Não preciso ficar reclamando em quarto de hotel. Tenha paciência.

O senhor acha que a imprensa precisa de alguma regulamentação para acabar com esse jornalismo dito sujo, de espionagem?

DA: Não. Eu respeito. Acho que a imprensa tem ampla liberdade e isso é uma conquista democrática. Agora, a partir do momento que vaza um circuito interno de um hotel, um circuito interno de televisão, isso é grave. Eu acho que tem que haver responsabilidade. O trabalho da imprensa é fundamental, nós não precisamos aferrar ou prejudicar o trabalho investigativo da imprensa. Agora, a gente tem que entender que tem lei também. E as leis que existem no País protegem efetivamente pessoas que possam vir a ser prejudicadas por matérias que às vezes venham a invadir a vida privada de cada um. A gente viu na Inglaterra o papelão do News of the World. Foi um vexame para a imprensa britânica. Não é assim que a gente vai melhorar o Brasil. A gente vai melhorar o Brasil abertamente, discutindo aqueles temas que são importantes para um grande futuro que nós merecemos.

 

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Catharine Rocha

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Fonte: Assessoria de Imprensa da Liderança do PT no Senado

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