“O PT e o Brasil são uma mistura que deu |
Nesta edição, o presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, conduziu a entrevista, na qual Genoino falou sobre sua saúde, sua trajetória política, e também sobre democracia interna no PT, militância, Constituição, e sobre sua defesa na Ação Penal 470.
Emocionado, como se declarou no início do programa, Genoino destacou que seu problema cardíaco é grave, mas que está se recuperando “processualmente”, e que o motivo da emoção forte “é porque minha vida se mistura com a vida e a história do PT. São 45 anos de militância política.”
Um dos momentos mais importantes na experiência do PT, para Genoino, foi o da Assembleia Nacional Constituinte, nos anos 1980. Para ele, foi “momento de soberania popular, da política com ousadia”. O PT foi fundamental para a construção da nossa Constituição, afirmou, explicando que a “democracia, além das normas e regras, tem que construir direitos afirmativos e cidadania”.
Em seu balanço dos últimos anos, Genoino ressaltou que o “Brasil mudou, o PT mudou ao longo dos 33 anos e temos o grande desafio de mudar o Brasil. Esse desafio está colocado no debate. O PT desinterditou o Brasil e hoje é possível discutir temas como união civil, os direitos das mulheres, de quilombolas, negros, da democratização da comunicação, políticas públicas universais. O PT e o Brasil são uma mistura que deu certo”, disse o deputado.
O entrevistado também comentou a democracia interna do PT, que realizou sua eleição direta no último domingo, 10: “o PT é uma experiência que ensina. Não é perfeita, mas temos que construir a política como escolha humana. O PED (Processo de Eleição Direta) é uma experiência vitoriosa”.
José Genoino também falou sobre a democracia no Brasil, que para ele é “uma construção inacabada”. Entre suas propostas do que é necessário para o futuro, ele elencou: “uma reforma política que democratize a democracia, com base na soberania popular, relação do eleitor com o eleito, que precisa ser mais direta, o financiamento da política, a valorização dos partidos e uma reforma institucional sobre a relação dos poderes.” Para ele, “sem reforma política a direita vai continuar deslegitimando a política”.
Genoino foi eleito deputado federal, ao todo, por sete vezes e destacou-se também como líder da bancada petista no Congresso. Desde então é considerado um especialista em questões relacionadas ao debate sobre concepção de Estado. Foi presidente nacional do PT e conduziu o partido nos primeiros anos do governo Lula. Eleito novamente em 2006, com 98.729 votos, Genoino retorna a Câmara de Deputados. Atualmente, está licenciado para cuidar da saúde e dedica-se a provar sua inocência nas acusações da Ação Penal 470 e à luta para reverter sua condenação no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em resposta a perguntas dos internautas sobre a Ação Penal 470 Genoino declarou que vive um turbilhão que une “poesia e sangue”, mas destacou ter “a consciência dos inocentes”, acrescentando que não guarda rancores, “pois eles fazem muito mal à saúde”. “Não cometi nenhum crime. Fui condenado previamente pela mídia porque era presidente do PT. Tenho certeza deste projeto e da minha inocência”, concluiu.
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