O ataque desfechado ontem pela Procuradoria Geral da República contra o Partido dos Trabalhadores e suas lideranças foi repudiado pelos parlamentares petistas no plenário do Senado Federal e nas redes sociais. “No meio dessa barafunda, com malas de dinheiro, procurador envolvido em delação, a PGR acusa o PT de organização criminosa?”, questiona a senadora e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR). “Quando se trata de outros partidos, não se fala em organização criminosa”. “Se Janot quer fazer política, que se candidate”, diz Gleisi.
Para o senador Jorge Viana (PT-AC), “ficou evidente que houve mutreta, manipulação, todo tipo de esquema nessa história de delações (da JBS), envolvendo autoridades que estavam de um lado da mesa e criminosos que estavam do outro lado”. “Tem que haver uma ação do Supremo, ou questionando, ou pondo em dúvida, ou prendendo as pessoas envolvidas nesses esquemas”, advertiu Viana. “Não é possível que nós vamos seguir dessa maneira, como se nada houvesse acontecido com membros do Ministério Público”, completou.
O senador Viana alertou que a denúncia também objetiva desviar a atenção sobre o dinheiro estocado por Geddel Vieira Lima, homem da intimidade política de Temer e um dos articuladores do golpe. “A Polícia Federal passou o dia todo contando. Venham cá: não há domínio do fato? Ninguém sabia? São R$ 51 milhões que chegam a um apartamento, vão sendo acumulados…”. “Não é possível! Não vai acontecer nada? Isso fica como? Como é que nós vamos explicar para a sociedade esse tipo de ação?” cobra Viana.
“É uma denúncia claramente política”, reforça o senador e líder da bancada do PT no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), cobrando que a Procuradoria, ao contrário, deveria dar explicações. “Esse pessoal achava que depois de toda perseguição infame, Lula e o PT estariam desmoralizados, que entregavam tudo e elegeriam seu candidato em 2018”. Para Lindbergh, “o povo já percebeu que é uma perseguição ao presidente Lula”. “A gente vai lutar e vamos anular todas medidas que eles estão fazendo”.
Obstrução de Justiça
Sobre a nova denúncia de Janot, divulgada nesta quarta-feira, a defesa do ex-presidente Lula considerou a acusação de “obstrução de justiça” na nomeação de Lula para a Casas Civil da presidenta Dilma Rousseff como “afoita e atabalhoada”.
Nota
O Procurador-Geral da República, em atuação afoita e atabalhoada de disparo de denúncias nos últimos dias do seu mandato, decidiu considerar que a nomeação do ex-presidente Lula pela então presidenta Dilma Rousseff para a chefia de sua Casa Civil não se tratava do exercício de suas atribuições de presidenta da República na tentativa de impedir um processo injustificado de impeachment, mas obstrução de justiça.
É importante lembrar que a nomeação como ministro não interrompe processos legais, apenas os transfere para o Supremo Tribunal Federal. Ministros são investigados pelo procurador-geral da República, na época o próprio Rodrigo Janot.
Assim, estranhamente, Janot considera que ser investigado por ele mesmo, e julgado pelo Supremo Tribunal Federal, sem possibilidade de recurso a outras instância, seria, estranhamente, uma forma de obstrução de justiça. A nomeação de Lula foi barrada em decisão liminar mas jamais discutida pelo plenário do Supremo.
Posteriormente o tribunal decidiu, quando da nomeação de Moreira Franco como ministro, que não havia impedimento no ato efetuado pelo presidente da República.
Essa é a denúncia apresentada pelo Procurador-Geral da República para o próprio Supremo Tribunal Federal, talvez na busca de gerar algum ruído midiático que encubra questionamentos sobre sua atuação no crepúsculo do seu mandato.
Assessoria de Imprensa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva