Depoimentos e vendetas movimentam a CPMI do Cachoeira nesta semana

Dois dos depoimentos mais aguardados neste segundo semestre na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira estão marcados para esta semana. Pelo menos um deles promete acontecer: o do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), Luiz Antônio Pagot, marcado para esta terça-feira (28/08). Já a sessão da quarta-feira (29/08) promete mais um não-depoimento: o ex-diretor e sócio da Delta Construções, Fernando Cavendish deve usar o já tradicional direito de se manter em silêncio para não produzir provas contra si mesmo. O outro convocado para quarta-feira é o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, que teria sido cooptado como braço da quadrilha na empresa responsável pelo desenvolvimento Rodoviário em São Paulo. Ele é acusado de ter atuado junto ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) em busca de recursos para a campanha de José Serra à Presidência.

Pagot  já declarou que quer falar à CPI. Espera-se, assim, que ele explique os contratos entre o DNIT e a Delta. No mesmo dia, também está marcado o depoimento do empresário Adir Assad, apontado como operador da Delta nos procedimentos de lavagem de dinheiro. Ele é dono das empresas JSM Terraplanagem e SP Terraplanagem, suspeitas de serem “laranjas” e de terem recebido dinheiro público da Delta. Porém, o empresário entrou com um pedido de habeas corpus junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, como a maioria, deve permanecer calado.

A Delta é uma das maiores construtoras do país e a maior detentora de contratos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo. De acordo com investigações da Polícia Federal, a empresa desviou milhões para empresas de fachada ligadas a Carlinhos Cachoeira.

A convocação de Cavendish, que elevou a Delta ao patamar de uma das maiores construtoras do país, foi pedida por 11 requerimentos assinados por 14 parlamentares. De acordo com a Polícia Federal, a Delta repassou milhões de reais a empresas de fachada ligadas a Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Este, por sua vez, aparece em ligações telefônicas, gravadas pela PF, atuando em favor da Delta.

Fernando Cavendish já impetrou habeas corpus com pedido de liminar para não comparecer à reunião, o que já era esperado pelo próprio presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que disse não esperar muito do depoimento de Cavendish.

Vital do Rêgo precisará administrar a pressão de alguns parlamentares contrários ao atual rito da CPI de dispensar imediatamente os convocados depois que eles alegam o direito constitucional ao silêncio. “O depoimento do Cavendish é o depoimento de uma testemunha como outra qualquer. Nós não podemos tratá-lo diferente”, assegurou.

Vendetas e informações requentadas

Enquanto muitos dos depoimentos programados para o palco da CPMI não acontecem, nos bastidores muita ação se desenrola. E boa parte dela é movida não por fatos, mas por mera represália.

Um desses movimentos foi a “ressurreição” de “denúncias” requentadas contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, num claro contragolpe à possibilidade de reconvocação do tucano Marconi Perillo, de Goiás. Duas histórias reapareceram nos últimos dias e foram prontamente desmontadas pelo porta-voz do DF, Ugo Braga.

A primeira dá conta de depósitos nas contas do policial João Dias. Em nota, Braga lembrou que as operações financeiras entre Queiroz e Ferreira referem-se à compra de um veículo, feita em fevereiro de 2008. Segundo o comunicado, a transação teria sido realizada mediante a entrega de 10 cheques pré-datados, mas acabou desfeita – com a devolução do carro e a restituição dos cheques. “A operação é absolutamente legal e o governador Agnelo Queiroz tanto não tem motivo para escondê-la que prontamente ofereceu seu sigilo bancário, assim como o telefônico e o fiscal, à CPI do Congresso no dia de seu depoimento, em 13 de junho passado”, diz o texto.

A outra história, de que o governador  petista teria “embolsado” dinheiro doado ao PCdoB também já foi explicada.. Os 11 depósitos, somando ao todo R$ 24 mil, referem-se a um jantar de arrecadação de fundos promovido pelo então partido de Agnelo, e entrou na conta pessoal do governador porque ele pagava despesas do PCdoB.

Com informações das Agências de Notícias

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