queda na confiança

Desconfiança de microempresários é sinal de estagflação

Segundo estudo feito pela FGV para o Sebrae, pessimismo maior é entre pequenos empresários da indústria, o que costuma indicar um economia estagnada
Desconfiança de microempresários é sinal de estagflação

Foto: Agência PT

Mais um sinal de que o Brasil está entrando em estagflação, cenário em que a economia para e, mesmo assim, a inflação cresce, vem da pesquisa que mede a confiança dos microempresários do país, feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV) para o Sebrae.

O otimismo dos pequenos empreendedores despencou de agosto para setembro, puxado principalmente pelos industriais, cuja confiança recuou 3,2 pontos. O presidente do Sebrae, Carlos Melles, disse ao jornal Valor que o dado acende um alerta. “Se a indústria está em queda, é porque a economia pode estar estagnada”, explicou.

Falta de otimismo significa menos oferta de empregos. Na indústria, só 18,4% dos empresários ouvidos esperam contratar. Em julho, eram 19,9% em julho. Já as microempresas que veem redução do número de funcionários somaram 7,9%, ante 3,7% em julho.

Inflação
Há alguns números positivos na pesquisa, como o aumento de confiança de 0,3 ponto no setor de serviços. Mesmo assim, a análise de Melles não permite comemoração. Segundo o presidente do Sebrae, o leve aumento demonstra que o setor está andando “de lado”, assim como toda a economia dos pequenos negócios.

Ao Valor, Melles disse acreditar que o desânimo está ligado à inflação alta. “Todos temos um pouco de receio da inflação, e sentimos o aumento do preço das coisas”, comentou ao jornal. A perspectiva de um crescimento menor, de um dólar mais caro e de preços mais elevados pode ter contribuído também. Além disso, o cenário político turbulento não ajuda. “A questão política traz insegurança, não tem como não trazer”, disse.

A política de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes pode ser responsabilizada por um cenário tão desanimador e perigoso. Além da falta de confiança que o governo inspira, mencionada por Melles, a inflação vem sendo puxada pelos combustíveis e alimentos. Os primeiros estão caros devido à criminosa política de preços em dólar implementada na Petrobras. E a comida fica mais cara devido à recusa do atual governo de manter estoques reguladores.

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