“O aumento da desigualdade social no Brasil é apenas o retrato, a cara do governo Temer desde o golpe aplicado contra Dilma no ano passado”, reagiu a líder do PT no Senado, Gleisi Hoffmann (PR), ao constatar que o Índice de Gini subiu para 0,5229 em 2016, com alta de 1,6% sobre o índice de 2015. O Índice de Gini é o mais fiel indicador da desigualdade social. Quanto mais próximo de zero, menor é essa distância entre ricos e pobres. Só que o dado divulgado hoje pelo pesquisador Marcelo Neri, da FGV Social, mostra o inverso, com o índice voltando a subir depois de 22 anos. “O aumento do desemprego foi o grande fator para piorar a desigualdade no Brasil”, disse Neri.
Segundo ele, o desemprego crescente a partir do começo de 2015, combinado com a inflação em torno de 10%, afetou diretamente a renda per capita das famílias. E a distância entre os pobres e os ricos, em que pese o recuo da inflação nesse período, não deu sinais de diminuição. Os ricos ficaram mais ricos por causa dos ganhos com os juros elevados e os pobres, que estavam melhorando sua situação, perderam e ficaram mais pobres.
O trabalho feito por Neri levou em conta microdados da Pesquisa Nacional por Amostras por Domicílio (Pnad) do último trimestre encerrado em dezembro de 2016. Na comparação com os trimestres anteriores, nota-se que houve um pico de queda na renda no segundo trimestre de 2016 e ela estagnou-se. Porém, no decorrer de 2016, houve um aumento do desemprego, a recessão econômica piorou e ocorreu uma pressão muito grande – midiática e dos opositores de Dilma – contra um reajuste dos valores do Bolsa Família, o programa reconhecido mundialmente por retirar da pobreza milhões de famílias brasileiras.
Marcelo Neri lembra que em 2015 o índice de Gini havia ficado estável, mas a renda dos 5% mais pobres tinha caído 14%. Nesse período verificou-se uma verdadeira campanha midiática em torno da inflação, gerando insegurança. Com isso, as pessoas mais pobres pararam de consumir, enquanto os bancos cortaram o acesso dos mais pobres ao crédito com medo da inadimplência, piorando, assim, as vendas do comércio. Logo, o efeito dessa corrente estourou nas indústrias. Sem encomendas do comércio, demitiram e a onda ganhou tamanho resultando em 12,6 milhões de desempregados – 1,2 milhão de demitidos só na gestão Temista. O cenário futuro, segundo ele, é sombrio, isto sem falar nas reformas da Previdência ou Trabalhista.
“O resultado do golpe aplicado por Michel Temer e seus aliados é o aumento da desigualdade. Um governo usurpador que cortou os investimentos, não conseguiu recuperar a economia e congelou o orçamento por meio da PEC da Maldade, cujos efeitos nocivos virão de agora em diante, afetando os mais pobres”, alertou a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), eleita por aclamação na manhã desta quarta-feira (15) presidenta da Comissão de Desenvolvimento Regional do Senado (CDR).
Segundo ela, o desemprego faz aumentar a desigualdade, mas a falta de investimento em projetos de infraestrutura, tendo o Estado como indutor do crescimento, afeta os trabalhadores e os mais pobres. Diz ela que a saída para evitar o aumento do Índice de Gini, ou seja, o aumento da desigualdade, é seguir à risca o ensinamento de Lula, dando crédito e confiança aos pobres, porque “são eles que fazem a economia andar; são eles que consomem e a recuperação econômica virá dos pobres, não dos banqueiros e dos rentistas”, afirmou.
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