Desmatamento da Amazônia afeta chuvas em países distantes

A importância das florestas para a continuidade ciclo da água, exaustivamente colocada nos debates do Código Florestal (Lei 12.651/2012), se tornou ainda mais notória, com a publicação de um estudo da Universidade de Leeds, no Reino Unido, publicado nesta edição da revista Nature. Segundo a publicação, o desmatamento em grande escala das florestas tropicais pode provocar graves impactos na frequência e no volume das chuvas. O bioma que pode ser mais afetado pela perda da vegetação é a Amazônia, que, se mantido o atual ritmo de desmatamento, corre o risco de apresentar, até 2050, uma queda de 21% na quantidade de precipitações durante o período de seca e de 12% durante a estação úmida.

Mas o regime de chuvas em outras regiões do País também pode apresentar mudanças por conta do desmatamento na floresta Amazônica. Nas áreas próximas à bacia do rio Prata – localizada no sul do Brasil -, por exemplo, as chuvas tendem a diminuir, pelo menos, 4% nos próximos 30 anos por conta do desmate. Fora do Brasil, as advertências também valem para o Congo, região central da África.

“Nós descobrimos que as florestas na Amazônia e na República Democrática do Congo também mantêm a precipitação nas periferias destas bacias, ou seja, em regiões onde um grande número de pessoas depende dessas chuvas para sobreviver”, disse o autor do estudo, Dominick Spracklen, da Escola sobre a Terra e o Ambiente da Universidade de Leeds.

A justificativa apresentada no estudo é de que o ar que passa sobre grandes áreas de floresta tropical produz pelo menos duas vezes mais chuva do que o que se move através de áreas com pouca vegetação. Em alguns casos, as florestas contribuem para o aumento de precipitação a milhares de quilômetros de distância. Por essa razão, conclui Dominick, a redução das chuvas pode ser devastadora para diversas populações. “Nosso estudo sugere que o desmatamento na Amazônia ou no Congo poderia ter conseqüências catastróficas para as pessoas que vivem a milhares de quilômetros de distância em países vizinhos.”

Reconhecendo que o Brasil obteve notório avanço na redução do desmatamento, o pesquisador ainda enfatizou a necessidade de continuar combatendo a derrubada ilegal de árvores, para o futuro da humanidade. “O Brasil fez recentemente alguns avanços na redução nas taxas historicamente altas de desmatamento em toda a Amazônia. Nosso estudo enfatiza que este progresso deve ser mantido se quisermos evitar os impactos sobre a precipitação”, disse Dominick.

Os últimos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que o ritmo de desmatamento da Amazônia Legal recuou 49% entre abril e julho de 2012, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em 12 meses, a redução foi de 23% – 2,04 mil quilômetros quadrados foram desmatados. Com isso, quase 700 quilômetros quadrados foram poupados na comparação entre os períodos avaliados.

Catharine Rocha com informações de agências online

 

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