Os dados mais recentes sobre o desmatamento no Brasil, divulgados nesta segunda-feira (31/10) pelo Ministério do Meio Ambiente, indicam que o desmate de 253,8 quilômetros quadrados (km²) na área da Amazônia Legal registrado no mês de setembro foi o menor para o mês desde 2004. Os levantamentos do sistema de detecção do desmatamento em tempo real começaram a ser realizados naquele ano.
Um dos fatores positivos é que houve um recuo de 43% no desmatamento, na comparação com o mês de setembro do ano passado. No entanto, a agropecuária continua sendo a maior vilã do desmatamento, segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
“Há uma forte pressão da agropecuária, chama a atenção que esses dados estão associados muitas vezes à supressão autorizada de vegetação. Isso nós só poderemos verificar no final do ano”, afirmou Teixeira.
A ministra disse ainda que a fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) não vai parar por causa do período de chuvas. “Agora, estamos entrando no período de chuvas, que usualmente tende a reduzir o desmatamento, mas vamos manter a força do Ibama em campo. O Ibama e os órgãos federais vão manter a fiscalização. Temos 25 frentes de homens trabalhando na Amazônia monitorando as áreas críticas”.
Ela comentou ainda sobre a votação do Código Florestal, que teve o relatório apresentado nas comissões de Agricultura e de Ciência e Tecnologia do Senado Federal. Segundo Izabella, o ministério está fazendo uma avaliação do relatório e identificou avanços, principalmente no que diz respeito às áreas de manguezais.
“Houve avanços como as áreas de manguezais, como áreas de preservação ambiental, o que foi um ganho, assim como explicitar que não há anistia para novos desmatamentos. Também foi muito positiva a divisão do texto entre disposições permanentes e transitórias, porque isso dá uma clareza maior e também uma maior segurança jurídica”, afirmou.
Unidades de Conservação
Nas Unidades de Conservação(UCs) federais da Amazônia Legal também recuaram as taxas de desmatamento, nas comparações anuais. Em 2007, o percentual da área desmatada em unidades de conservação federais correspondia a 4,45% do total do bioma. Em 2010, a área desmatada nas UCs representou 2,08% da área total desmatada no bioma.
O número de UCs onde foram registradas ações de desmatamento também vem diminuindo desde o ano de 2007: em 2000, eram 132 unidades; já em 2007, foram 82 UCs, e em 2010, foram identificadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) áreas de desmatamento em apenas 48 unidades.
Uma concentração também foi identificada nos levantamentos: 75% do total de desmatamento identificado em 2010 concentra-se em 12 Unidades de Conservação sob influência da BR 163 e BR 319, Terra do Meio e Acre.
Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o cenário atual é de “expressiva diminuição da taxa de desmatamento nas unidades de conservação federais e de menor pressão de desmatamento no período de 2000 a 2010”.
Além disso, a área desmatada nas unidades de conservação antes de 2008, 55% do total, se encontra em processo de regeneração, segundo o instituto.
Fonte: Agência Brasil/Instituto Chico Mendes
Foto: Google Earth