Ao assumir o Ministério da Cultura (MinC), não posso mais escrever aqui. Não por mim, que tenho enorme prazer e desafio nessa escrita. É uma regra da Folha.
Fico pensando em quantos caminhos existem na cultura e quantas coisas instigantes deste Brasil eu não teria para contar!
Demorei para achar um rumo para esta coluna que, ao mesmo tempo, abordasse um assunto atual ou polêmico e que tivesse ligação com meu trabalho no Senado. Que contribuísse para criar uma reflexão sobre a complexidade da vida e da modernidade ou um elo com o Poder Legislativo – que, às vezes, briga com o mundo real.
Agora, viro a página e vou em frente. Não sem um certo sentimento de pesar em pedir licença do Senado, pois, acabando o mandato e as incumbências como vice-presidenta em fevereiro, teria tempo para participar e contribuir em mais comissões e discussões sobre as prioridades nacionais.
Na vice-presidência deixo completa a reestruturação e a moralização do sistema de saúde dos funcionários da Casa. E, como senadora, o relatório preliminar, inovador, sobre a reforma que aperfeiçoará o FGTS.
Quanto ao projeto que reconhece a homofobia como crime, fico frustrada por não estar à frente nos próximos passos. Comemoro a aprovação, como relatora, dos projetos da vacina contra o HPV e da profissão de cuidador de idoso, assim como o do Sistema Nacional de Cultura.
Nesse momento, minha cabeça está dividida. Vou cumprir uma tarefa específica que é fascinante e de enorme responsabilidade, mas não posso e não vou esquecer os meus eleitores de São Paulo. Atenderei meu Estado de forma republicana e com especial atenção, como fiz no Turismo.
Escrevo esta coluna tarde da noite, no dia da posse, ainda com resquício da satisfação das falas e com a mente atordoada com a imensidão dos desafios do MinC. São inúmeras secretarias, departamentos, fundações e infindáveis demandas, polêmicas e problemas a resolver. Eu gosto de desafios e já comecei a mergulhar no entendimento do funcionamento e das prioridades do ministério.
Sabemos como a cultura pode transformar a qualidade de vida de uma pessoa. E de seu papel na criação de uma identidade nacional e internacional.
Acesso pleno aos bens culturais, incentivo às mais diferentes formas de expressão de arte, registro e sistematização da vasta obra nacional produzida, viabilização e utilização dos novos meios de comunicação de forma ousada e inovadora, a intensa preservação do nosso patrimônio, a inserção internacional e a busca do diálogo permanente com o Congresso e com todas as tribos serão diretrizes.
Estou entrando para ser porta-estandarte nesse samba. Nosso enredo é muito bom e vamos fazer nossa arte brilhar no Brasil e pelo mundo afora.
* Artigo publicado na Folha de S. Paulo do dia 15/9/2012