Tensão no campo

Despejo de agricultores agrava conflito agrário no Pará

Senador Paulo Rocha propôs a ida de um grupo de parlamentares para visitar o local, no Sul do Estado
Despejo de agricultores agrava conflito agrário no Pará

Desocupações podem gerar conflitos pela posse de terra em fazendas do grupo Santa Bárbara, no Sul do Pará. Foto: Agência Brasil

Cerca de 850 famílias ficarão sem casa e sem terra, no Sul do Pará, após uma ordem de despejo assinada pelo juiz da Vara Agrária do município de Marabá (PA), de acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT). As áreas são assentamentos já consolidados e em processo de regularização. Para o senador Paulo Rocha (PT-PA), a decisão agrava o conflito local pela posse de terras.

“A luta pela terra volta a ser motivo de intranquilidade na região. Infelizmente já sabemos no que isso vai dar”, alertou o parlamentar petista, lembrando o episódio conhecido como “Massacre de Eldorado dos Carajás”, quando 19 trabalhadores foram assassinados pela polícia militar do estado.

As ocupações ficam em três fazendas (Cedro, Maria Bonita e Fortaleza) pertencentes ao grupo Santa Bárbara, do Banqueiro Daniel Dantas. De acordo com a CPT, o grupo Santa Bárbara fechou um acordo, há seis anos, de venda dessas fazendas ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). A comissão diz ainda que o processo já está em fase final de negociação.

Com a possibilidade de um novo massacre no Estado – em maio, cerca de 10 camponeses foram assassinados em uma fazenda no município de Pau D’Arco, Paulo Rocha solicitou que seja formada uma comissão parlamentar externa para visitar a área do conflito, próxima aos municípios paraenses de Marabá, Parauapebas e Canaã dos Carajás.

Paulo Rocha responsabilizou as autoridades locais, principalmente as ligadas ao governo do Estado, pelo agravamento da crise. Para ele, é preciso que seja analisado não apenas o possível conflito que pode ser gerado, mas também o aspecto social – há até mesmo uma produção efetiva de alimentos na área.

As famílias são ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Recentemente, integrantes do movimento bloquearam uma via importante da região (BR-155) para forçar a justiça a rever a decisão. Eles querem que o INCRA consolide os assentamentos.

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