A história de um garoto americano de nove anos que cria “máquinas” de papelão na garagem de casa, contada na internet, o transformou em celebridade instantânea. Essa exposição virtual arrecadou mais de US$ 100 mil para uma poupança que irá financiar seus estudos na universidade.
É fascinante estar vivendo nesse mundo em constante transformação pela tecnologia. Penso no número de pessoas e de cidades que podem ter suas vidas modificadas por essas novas ferramentas e de como os jovens brasileiros terão a possibilidade de participar dessa efervescência.
Na recente viagem da presidenta Dilma aos EUA, a que tive a honra de acompanhar, ela enfatizou a necessidade de expor nossos jovens à cultura de criatividade daquele país.
Vimos recentemente brasileiros protagonizando momentos cruciais dessa era de inovação tecnológica. Seja no envolvimento de Eduardo Saverin na concepção do Facebook, como também na participação do paulista Mike Krieger no desenvolvimento do aplicativo Instagram, programa para compartilhamento de fotos por meio de redes sociais que é o hit do momento. Sem falar em outros brasileiros que integram incubadoras de tecnologia em laboratórios de universidades pelo mundo.
Em tempos de comunicação viral, em que as informações e novidades são transmitidas como numa epidemia, a mutação é constante. É algo que extrapola o mundo virtual e modifica a forma de nos relacionarmos, de vivermos e de trabalharmos. Confirmava com meu filho Supla o quanto na música, por meio da divulgação e comercialização, a internet também reinventou o mercado. É um mundo diferente do que viveram Noel Rosa, Elvis ou Sinatra.
As vantagens desse novo tempo são incontáveis, assim como as polêmicas sobre para onde caminhamos. Alguns dizem que as redes sociais eliminam o contato pessoal e que esse “mundo paralelo” da internet sacrifica nosso afeto, tempo e criatividade. Outros acreditam no contrário: conectadas o tempo todo, as pessoas são mais informadas, produtivas, além de estabelecer maior leque de relações. Ou que a internet ajuda até quem não está conectado a ela (como no caso do menino americano).
Em recente conversa com o presidente do Google, Eric Schmidt, eu comentava que a internet conduziria a uma nova organização do mundo do trabalho e que mudaria a vida das pessoas, principalmente das mulheres, com a consequência de mais tempo livre para todos. Para minha surpresa, Schmidt, que está escrevendo um livro com o sugestivo título “Connected”, disse acreditar que, ao contrário, as pessoas estarão tão conectadas que sobrará pouco tempo para o lazer. Pode ser. Tomara que ele esteja enganado.
MARTA SUPLICY escreve aos sábados nesta coluna