A presidente Dilma Rousseff deve abrir a 67ª Assembleia Geral das Nações Unidas, nessa terça-feira (25/09), com mensagens de busca pelo fim dos conflitos por meio da paz, a não intervenção militar como solução para confrontos, a relevância dos esforços em favor do desenvolvimento sustentável e o empenho para o reequilíbrio econômico no cenário internacional. Dilma que chegou a Nova York, nesse domingo (23/09), se dedicará aos ajustes finais do discurso nesta segunda-feira.
A fala da presidente, conforme ressaltou um de seus assessores, é “um dos mais importantes instrumentos para projetar a imagem do Brasil no mundo”. Por isso, Dilma deve aproveitar para passar a posição do País sobre temas sensíveis. Na área econômica, a presidente deve repreender o “tsunami monetário” dos países ricos. A decisão do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), de desembolsar até US$ 40 bilhões ao mês para a compra de títulos públicos e privados, por exemplo, prejudica, a priori, as exportações dos países emergentes e, a longo prazo, pode levar à desvalorização do Real.
A presidenta deverá reiterar a necessidade de respeitar a soberania interna e a ordem democrática, referências que dizem respeito diretamente à Síria, em guerra, e ao Paraguai, que por meio de um golpe de Estado destitui o então presidente Fernando Lugo, em 22 de junho. Dilma deverá, mais uma vez, apoiar o direito de a Palestina ser um Estado autônomo, com um acordo de paz entre palestinos e israelenses. “Nós temos insistido que não vemos solução militar para vários conflitos atuais no âmbito internacional”, afirmou o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes.
Dilma ainda vai tentar promover o desenvolvimento sustentável, um prosseguimento do que foi acordado na Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável), em junho deste ano no Rio de Janeiro. Pelo acordo final, as próximas metas de desenvolvimento – que substituirão os atuais Objetivos do Milênio a partir de 2015 – devem incorporar os conceitos de preservação do meio ambiente, redução da pobreza e igualdade de gêneros, por exemplo.
Na semana passada, o presidente da Assembleia, o sérvio Vuk Jeremic, disse que as 193 delegações da ONU têm de demonstrar um “compromisso decisivo” para cumprir não apenas os prazos do acordo da Rio+20, mas também “os objetivos políticos e financeiros” que desenhou para cumpri-los.
Agendas paralelas
Também nessa terça-feira, antes do início da Assembléia, a presidente se reúne com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. É possível que a presidenta cite a questão da reforma do Conselho de Segurança da ONU, uma vez que o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, que acompanha Dilma, tem uma agenda paralela cujo principal tema é o esforço para a ampliação do órgão.
O conselho é formado por 15 países – cinco ocupam vagas permanentes e dez rotativas. O Brasil defende a ampliação para pelo menos 25 lugares no total. O assunto deve ser discutido durante reunião de Patriota com representantes do G4 (Alemanha, Brasil, Índia e Japão) e do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Além de Patriota, também fazem parte da comitiva presidencial os ministros Marco Aurélio Garcia (Secretaria Especial de Assuntos Internacionais), Aloizio Mercadante (Educação), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Aguinaldo Ribeiro (Cidades) e Helena Chagas (Secretaria de Comunicação Social). Mercadante participará de um encontro entre ministros da Educação, no qual discursará na quarta-feira 26.
Com informações de agências de notícias
Foto: Planalto do Planalto