Dilma: “Valeu a pena lutar pela democracia e pela liberdade”Quem esperava ver uma presidenta deprimida, de mau humor ou irritada na tarde desta segunda-feira (16), após as manifestações de domingo, precisou segurar a sensação de surpresa. Serena, bem-humorada e até brincando com os jornalistas, Dilma Rousseff concedeu entrevista coletiva logo após a cerimônia de sanção do Código de Processo Penal (CPC) com uma segurança que desmontou a dureza dos repórteres que haviam preparado ataques disfarçados em perguntas.
Falando em humildade, diálogo e respeito às instituições, a presidenta disse que as manifestações desse final de semana refletiram um momento importante: “O País vive pacificamente com os protestos e, na democracia, respeitamos as urnas; também respeitamos todas as vozes, de todas as matizes e todas as tendências”, afirmou.
“Ontem, quando eu vi centenas e milhares de cidadãos se manifestando, não pude deixar de pensar que valeu a pena lutar pela liberdade, valeu a pena lutar pela democracia”, comemorou.
Segundo a presidenta, essa foi a maior lição que se pode tirar da presença de milhares de pessoas nas ruas do País: “Esse é um momento que coloca na conjuntura algo legítimo: a expressão popular através das manifestações”, afirmou.
Humildade
Ela disse que viu a movimentação nas ruas do País com humildade e firmeza e disse que vai anunciar, nos próximos dias, medidas que atendem à mais forte reivindicação da população: o combate firme à corrupção e à impunidade. Mas fez uma ressalva: “A corrupção não nasceu hoje, ela não só é uma senhora bastante idosa neste País, como também não poupa ninguém”. “Reitero minha convicção de que a conjuntura atual aponta para a necessidade de ampla reforma política”, complementou.
Repetindo diversas vezes que está aberta ao diálogo, Dilma assegurou que é preciso ouvir todas as vozes com atenção. “Ouvir é a palavra. Dialogar é a ação. O sentimento tem que ser de humildade e firmeza”, garantiu.
Ela recomendou o respeito às instituições. “Aceito que as vozes sejam diferentes, mas a instituição a gente tem que tratar com responsabilidade”, recomendou, lembrando que governa para todos os brasileiros; os que votaram nela e os que não votaram, mas deixou claro que não entende a quem o despeito à democracia pode interessar.
“Meu compromisso é governar para 203 milhões de brasileiros, seja quem votou em mim ou quem não votou em mim, seja quem participou das manifestações ou de quem não participou das manifestações”, finalizou.
Crise
Sobre economia, a presidenta admitiu que o Brasil passa por um período complicado, mas disse ter a certeza de que todas as condições para sair da crise estão colocadas. E admitiu que é possível que tenha havido erros na condução da política econômica. Mas deixou claro que esse suposto erro não foi identificado. “Tem gente que acha que a gente deveria ter deixado algumas empresas quebrarem e alguns trabalhadores desempregados. Eu tendo a achar que isso era um custo muito grande para o país”, ressalvou a presidenta.
Sobre as propostas de ajuste fiscal, Dilma Rousseff disse que há divergências mesmo entre aliados, o que comum quando se tenta combater problemas econômicos, segundo ela. Ela destacou que é preciso fazer ajustes agora e, para isso, a união de todos é necessária. “Vamos deixar para brigar depois”, recomendou.
Giselle Chassot