NYTimes: ‘Dilma é caso raro na política -não enfrenta acusações de corrupção’

NYTimes: ‘Dilma é caso raro na política -não enfrenta acusações de corrupção’

Diz o jornal mais importante do mundo: O Brasil está enfrentando sua mais profunda crise política das últimas décadas, com sua presidenta sofrendo um processo de impeachment  e muitos integrantes do Congresso confrontados com acusações criminais por corrupção.Incapazes de depor a presidenta Dilma Roussef com base em denúncias de corrupção, seus adversários tentam afastá-la sob alegações de “manipulação orçamentária”, avalia o jornal americano The New York Times em reportagem do correspondente Simon Romero sobre o processo de impeachment . “Dilma é um caso raro entre as principais figuras políticas no Brasil, já que não enfrenta acusações de enriquecimento pessoal ilícito”, afirma o jornal.

A reportagem do New York Times afirma que ainda “é imprevisível” o resultado da votação do impeachment no plenário da Câmara dos Deputados, marcada para este domingo (17), embora o placar na comissão que analisou a proposta fosse previsível —38 x 27 pelo prosseguimento da proposta.

Leia abaixo a tradução da reportagem do New York Times

Avança processo de impeachment contra Dilma Rousseff

A empreitada para afastar a presidenta Dilma Rousseff avançou uma etapa na última segunda-feira, projetando uma votação imprevisível nos próximos dias, no plenário da Câmara dos Deputados.

Os humores se inflamaram  durante uma votação que resultou em um placar de 38 x 27 votos, com parlamentares berrando uns com os outros na sessão transmitida ao vivo pela TV para todo o país. A comissão estava encarregada de avaliar as acusações contra Rousseff e decidir se recomendaria o impeachment da presidenta à Câmara dos Deputados.

Os apoiadores de Dilma Rousseff disputam agora os votos do plenário, onde esperam impedir que sejam alcançados os dois terços favoráveis ao impeachment.

Essa votação, que pode ser realizada ainda esta semana, aponta para um novo estágio, mais volátil da crise política brasileira. Se o impeachment for aprovado pelo plenário da Câmara, a proposta será submetida ao Senado, que terá que decidir se vai julgar a presidenta. Se o Senado der prosseguimento ao processo, ela será afastada e substituída pelo vice-presidente Michel Temer.

Dilma e seus principais apoiadores argumentam que o processo de impeachment equivaleria a um golpe de Estado. Incapazes de garantir seu afastamento por acusações de corrupção, seus adversários estão tentando afastá-la sob alegações de “manipulação orçamentária”, envolvendo o uso de recursos de bancos estatais para cobrir lacunas no orçamento. (Dilma é um caso raro entre as principais figuras políticas no Brasil, já que não enfrenta acusações de enriquecimento pessoal ilícito.).

 “A História não perdoa atos de violência contra a democracia”, afirmou o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, durante a defesa da presidenta, descrevendo o processo de impeachment como o “o golpe de 2016”.

Embora já houvesse a expectativa de que a proposta de impeachment fosse aprovada na comissão, o resultado no plenário permanece difícil de prever. Novas reviravoltas surgem diariamente, incluindo a determinação do Supremo Tribunal Federal, a Suprema Corte brasileira, para que o Congresso também analise um pedido de impeachment contra Temer, o vice-presidente.

Uma gravação de 15 minutos feita por Temer — aparentemente com a intenção de ser divulgada  após a decisão do plenário da Câmara sobre o impeachment — estarreceu o mundo político brasileiro na segunda-feira. Na gravação, Temer triunfalmente clama por um governo de “salvação nacional”.

A equipe do vice-presidente afirmou que a gravação, que foi enviada a parlamentares do centrista PMDB, ao qual Temer pertence, teria sido divulgada por acidente. O gabinete da presidenta Rousseff rapidamente reagiu à gravação, descrevendo-a como uma iniciativa para desestabilizar o governo.

O Brasil está enfrentando sua mais profunda crise política das últimas décadas, com sua presidenta sofrendo um processo de impeachment  e muitos integrantes do Congresso confrontados com acusações criminais por corrupção.

Dilma Rousseff permanece largamente impopular enquanto o Brasil atravessa a pior crise econômica em décadas. Ainda assim, é expressivo o ceticismo na opinião pública a respeito dos políticos que pretendem sucedê-la, o que expressa a vasta descrença na classe política do País, engolfada em escândalos de corrupção.

O apoio ao impeachment de Dilma Rousseff caiu para 61% na mais recente pesquisa de opinião divulgada pelo Instituto Datafolha, uma destacada empresa de pesquisas brasileira. A pesquisa, realizada em sete e oito de abril, ouviu 2.779 pessoas, com margem de erro de dois pontos percentuais.

Apenas três semanas antes, o mesmo Datafolha tinha apurado um índice de 68% de eleitores favoráveis ao impeachment.

Antes da votação na Câmara dos Deputados, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fundador do Partido dos Trabalhadores atualmente no governo, embarcou em um esforço frenético para assegurar o apoio necessário a Dilma Rousseff, sua acossada sucessora.

Para ler o texto original, em inglês:

 

 

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