Vários jornalistas que são referência na profissão manifestaram-se nesta sexta-feira contra a agressão, confessando-se envergonhados, ao mesmo tempo em que uma corrente de indignação tomou conta das redes sociais.
Juca Kfouri, decano do jornalismo esportivo brasileiro, comentou em sua coluna de análise da partida o “comportamento ruim” dos que xingaram a presidenta da República, “de maneira a envergonhar seus filhos”.
Na rádio CBN, em seu comentário para a rede CBN, voltou ao assunto e acrescentou que os agressores “utilizaram palavrões típicos de quem tem dinheiro, mas não tem um mínimo de educação, civilidade ou espírito democrático”, referindo-se ao fato de que os xingamentos partiram principalmente da zona da plateia das cadeiras numeradas – as mais caras.
Outro jornalista ícone do jornalismo esportivo, José Trajano, ao lado de Arnaldo Ribeiro, em um programa de comentários após a partida confessaram-se “envergonhados”.
Josias de Souza, repórter e comentarista político do UOL, que pertence ao grupo empresarial que controla a Folha de S.Paulo,escreveu que “o presidente da República é uma faixa. Xingá-la significa ofender a instituição”, acrescentando que os autores dos xingamentos raivosos são típicos de quem não sabe conviver com a divergência, mesmo em relação a uma governante legitimamente eleita pelo povo brasileiro.
Acostumados a pescar em águas turvas, porta-vozes da oposição ocuparam espaço nos jornais de hoje referendando a grosseria e a infidelidade. O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, que diz ter assistido ao jogo pela tevê, terminada a disputa convocou equipe de tevê de sua campanha para gravar vídeo onde dizia que a presidenta Dilma Rousseff “está sitiada”, expressão que todos os jornais de hoje repetiram como repercussão à incivilidade dos agressores.
Mas a presidenta Dilma Rousseff não se abateu, segundo ela mesma disse nesta sexta-feira, durante a entrega de mais um pacote de obras e melhorias em Recife, Pernambuco, lembrando que os xingamentos partiram de pessoas de alta renda que não representam a maioria do povo brasileiro.
“Eu não vou me deixar, portanto, atemorizar por xingamentos que não podem ser sequer escutados pelas crianças e pelas famílias”, afirmou a presidetna. “Aliás, na minha vida pessoal, eu quero lembrar que eu enfrentei situações do mais alto grau de dificuldade. Situações que chegaram ao limite físico. Eu suportei não foram agressões verbais, foram agressões físicas. E nada me tirou do meu rumo”, lembrou.
“O povo brasileiro não age assim. O povo brasileiro não pensa assim, e sobretudo, o povo brasileiro não sente da forma como esses xingamentos expressam”, afirmou.