Istoé rompe o silêncio na grande mídia mais uma vez. Diretor do Banco Mundial fala de sucessos do governo do PT proibidos para outras revistas. jornais e emissoras de rádio e tevê |
Já está ficando monótono, mas nem a repetição de artigos nos jornais mais respeitados do mundo, nem a avaliação comum de autoridades de entidades multilaterais constrange a chamada grande imprensa – que continua mantendo sua política de omitir os resultados do programa que modificou a pirâmide social do Brasil.
A revista Istoé, que se tornou exceção dentre as grande publicações por seu empenho jornalístico no escândalo do metrô de São Paulo, praticamente obrigando todas as demais a, enfim, abrir espaço para os desvios cometidos em quase 20 anos de governo do PSDB em São Paulo, traz nesta semana entrevista o diretor do Branco Mundial, Arup Banerji. Tema central: o programa Bolsa Família
Economista com carreira construída no Banco Mundial, o indiano Arup Banerji acompanha políticas de proteção social e de emprego em diferentes partes do mundo e tem um diagnóstico bastante claro sobre o principal programa social do Brasil: o Bolsa Família não pode ser comparado com outras políticas de transferência de renda sob condicionalidades adotadas em muitos outros países, porque seu foco não se limita ao repasse puro e simples de dinheiro para os pobres.
“Vou dar um exemplo”, diz ele à revista. “Se você digitar Bolsa Família no Google Imagens, a foto mais comum que vai aparecer é de uma pessoa sorrindo e segurando o cartão do programa. Para muitas dessas pessoas esse cartão mostra que estão vinculadas ao Estado pela primeira vez. Pessoas pobres muitas vezes não se sentem parte de um país. São subjugadas, tratadas como se fossem de fora”.
Essa mudança de patamar no relacionamento, diz, está no mesmo cartão da pesquisa do Google, “porque estabelece uma relação legal e formal com o Estado”.
“Isso equivale a dizer: ‘O País valoriza você e sua família e por isso estamos repassando esses recursos.’ A pessoa passa a ser cidadã de um país e, consequentemente, começa a valorizar a educação dos filhos, a criá-los bem nutridos, e os filhos, por outro lado, passam a cuidar mais de suas mães. Cria-se, assim, uma relação de mútua responsabilidade. Esse é um dos aspectos centrais do Bolsa Família”, observou o economista.
Banerji também rebate a tese, explorada até a exaustão pela imprensa e adotada pela oposição – a de que o Bolsa Família produz o “efeito preguiça”.
“No caso do Brasil, eu não concordo com isso. Em outros lugares do mundo, talvez. O que significa a dependência econômica? Em poucas palavras, seria o seguinte: a pessoa que recebe ajuda chega à conclusão de que é melhor não fazer nada o dia inteiro e não procurar emprego porque o valor recebido compensa. O segredo do sucesso é que o pagamento não seja tão alto que leve a esse tipo de situação nem tão baixo que não dê nem para as famílias se alimentarem. É importante que o benefício não chegue a um salário mínimo. Estudos comprovam: depois de dez anos do Bolsa Família, não há dependência”, ressaltou.
Acesse a íntegra da entrevista – Entrevista – Arup Banerji – Istoé
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