Diretor do Diap explica presença maciça do PT entre os 100 Cabeças

Há dezenove anos, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) reúne e publica sua pesquisa que se tornou referência dentro e fora do Congresso Nacional: a lista dos “100 Cabeças do Congresso”, com a relação dos deputados e senadores de maior influência.

Durante todas as edições dos “Cabeças”, as bancadas do Partido dos Trabalhadores na Câmara e no Senado destacam-se pelo alto número de selecionados. Poucas vezes, no entanto, a presença do PT na publicação foi tão expressiva. No caso do Senado, nada menos do que 76,9% da bancada integra a seleta lista.

Todo esse trabalho, que inclui pesquisa, checagem da presença em plenário do parlamentar, propostas do parlamentar que foram aprovadas e sua posição na estrutura do Congresso, entre outros parâmetros, é organizado pelo jornalista, analista político e diretor de Documentação do Diap por Antônio Augusto de Queiroz – mais conhecido como Toninho do Diap.

Na entrevista abaixo ao PT no Senado, ele confirma que a representação do PT nos “100 cabeças” sempre foi representativa – e explica dá sua explicação para essa presença, que se renova desde a primeira edição, inclusive durante os anos em que foi oposição ao governo.

PTnoSenado:   A pesquisa mostrou que 76% dos senadores petistas estão entre os mais influentes do Congresso. Houve, nos dezenove anos de ranking do Diap, percentual semelhante? 

Toninho do Diap: O PT sempre se destacou nos nossos levantamentos. Mas é um percentual de fato bem elevado em bancadas da dimensão do PT.

PTnoSenado: A que o senhor atribui esse resultado?

Toninho do Diap: Há várias componentes nessa derivada, mas vale destacar que o PT tem um método de organização política que valoriza a divisão das atividades da bancada por área temática. Isso faz com que todos os integrantes tenham um tipo de missão dentro do projeto de elaboração de políticas públicas. O que diferencia o PT, na verdade, é esse rodízio feito entre os parlamentares. O PT é um partido de quadros. No caso do Senado, vale ressaltar ainda que os parlamentares já chegam formados; eles já tiveram, antes, outras missões partidárias em etapas anteriores.

PTnoSenado: Então o segredo é todos terem seu espaço?

Toninho do Diap: É mais do que isso. O rodízio de lideranças que o PT promove tradicionalmente dá oportunidade a todos; para que todos se destaquem e isso contribui para que os quadros do partido mantenham-se atualizados e atuantes em relação aos assuntos em debate. Mesmo quando era oposição, a bancada petista tinha muito espaço por conta de sua qualificação e metodologia de trabalho. Além disso, o PT sempre contou com assessorias técnicas altamente qualificadas, que compreendem o funcionamento do parlamento e ajudam a construir os mandatos.

PTnoSenado: Como é feita a seleção dos Cabeças do Congresso?

Toninho do Diap: Basicamente, são três gradações: institucional – que aborda o cargo que o parlamentar ocupa; o reputacional – que trata de como ele é visto por colegas de partido, de estado, por outros parlamentares e por consultores legislativos e assessores de bancada; e o decisional – que é seu poder de influir nas decisões do Parlamento. Depois analisamos a principal habilidade do parlamentar. Ou seja, o líder, normalmente é um negociador; o vice-líder, um debatedor; um relator é um formulador e assim por diante.

PTnoSenado – Depois dessa primeira etapa, de escolha dos Cabeças, há uma espécie de ranking entre os parlamentares. Como isso é feito?

Toninho do Diap : Os cem indicados fazem uma espécie de escolha entre eles. São eles que definem. Mas os escolhidos não precisam estar necessariamente nessa lista prévia. Os indicados podem votar num parlamentar que não está na lista, sem qualquer problema.

PTnoSenado: O senhor acha que mesmo um suplente – de Senador, por exemplo –  pode estar entre os parlamentares mais influentes?

Toninho do Diap: Sem dúvida. Ele pode até não ter recebido um único voto, mas se seu mandato é relevante, se ele tem poder de decisão ou de influência, certamente pode estar entre os Cabeças do Congresso. Não há qualquer restrição. Mesmo um parlamentar com desempenho considerado aético pode ser influente. Isso o faria aparecer na lista.

Giselle Chassot

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